A criança não quer consumir violência

Pintura: Jo Frederiks

Uma criança comia um pedaço de bife – disseram-lhe que era um pedacinho de boi, e a criança não quis mais um pedacinho de boi.

Uma criança tomava um copo de leite – disseram-lhe que de onde veio o leite antes veio o bezerro. “Cadê o bezerro?” “O bezerro, eu não sei, mas o leite dele está no copo.” A criança não quis mais leite.

Uma criança comia uma tira de bacon – disseram-lhe que era um pedacinho de barriga de porco, e a criança não quis mais bacon.

Uma criança comia uma coxinha de frango – disseram-lhe que o frango vive menos de dois meses, e a criança não quis mais frango.

Uma criança comia um ovo – disseram-lhe que quando a galinha não bota, não a deixam viver, e a criança não quis mais ovo.

Uma criança comia um pedaço de peixe – disseram-lhe que o peixe no prato vem da vontade de respirar sem poder, e a criança não quis mais peixe.

Uma criança comia um pedaço de queijo – disseram-lhe que de onde vem o queijo vem o hambúrguer, e a criança não quis mais queijo nem hambúrguer.

Uma criança comia gelatina – disseram-lhe que a gelatina vem do osso, pele e tendão de animais, e a criança não quis mais gelatina.

Uma criança ganhou um sapato de couro – disseram-lhe que era pele de bicho, e a criança não quis mais o sapato.

Uma criança olhou um pedaço de chocolate – disseram-lhe que não tinha nada de leite, e a criança pegou e comeu.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *