A ode à natureza de “Leaves of Grass”

Whitman publicou “Leaves of Grass” em 4 de julho de 1855 (Foto: Reprodução)

Em 4 de julho de 1855, o poeta humanista estadunidense Walt Whiman publicou “Leaves of Grass”, ou “Folhas de Relva”, um livro realmente barato (é possível encontrar até por R$ 15 ou menos), considerando a sua grandiosidade reflexiva. Logo na primeira leitura faz qualquer pessoa se questionar sobre o desespero da humanidade em meio ao consumismo e materialismo, embora não seja algo tão direto ou explícito.

É uma obra transcendental que mergulha no simbolismo para construir alegorias que de forma sorrateira ou até arrebatadora subtraem o ser humano de sua leniência, torpor e preguiça existencial – aqui me refiro ao viver para além de si mesmo e do próprio bolso. No livro, não há moralidade, assim como não há imoralidade, o próprio título faz menção a uma relva que incorporada na natureza carrega também a essência e o espírito dos humanos e dos animais.

Em “Leaves of Grass”, Whitman exalta a vida em todas as suas formas, ressaltando que a poesia já nasce embutida não apenas na natureza, mas também no ser humano, embora interpreto que nos dias atuais, com o emergir do individualismo, não seja nada difícil encontrar quem negue o tempo todo a si mesmo o direito à existência poética e harmoniosa. Em um mundo caótico e intolerante, de grande desenvolvimento de males psicológicos, ler Walt Whitman é mais salutar que um medicamento, com o bônus de que não há colaterais negativos.

Abaixo cito um fragmento do meu exemplar de “Leaves of Grass”:

“Ame a terra, o sol e os animais. Despreze as riquezas, dê esmolas a todos aqueles que lhe pedem. Levante-se para o burro e também para o louco. Dedique também sua renda e trabalho aos outros. Odeie tiranos e não discuta sobre religião. Tenha paciência e indulgência para com o povo e sempre tire o chapéu para conhecidos ou desconhecidos. Leia estas folhas ao ar livre em cada estação de cada ano da sua vida e reexamine tudo o que foi dito na escola, igreja, livro ou qualquer outro lugar. Rejeite tudo aquilo que ofende a sua alma e carne e será um grande poema. Terá uma fluência mais rica não apenas em palavras, mas nas linhas silenciosas de seus lábios e rosto, e ainda entre os cílios de seus olhos e cada movimento e articulação do seu corpo.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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