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A violência contra animais no cinema

“A Carga da Brigada Ligeira”, “Andrei Rublev” e “Cockfighter” (Imagens: Reprodução)

Pode parecer que não, mas atualmente se usa muito menos animais no cinema do que no passado. Se compararmos a atualidade com o cinema praticado até a década de 1970 a diferença é gritante.

Não sei se vocês já assistiram “A Carga da Brigada Ligeira”, de 1936, do Michael Curtiz. Só neste filme morreram 25 cavalos durante as filmagens. Comparando com “A Casa que Jack Construiu”, de 2018, do Lars Von Trier, fica fácil entender essa discrepância.

Há uma cena em que um patinho tem a perna arrancada com alicate (o que já é controversa por si só, embora a intenção fosse expor a realidade de um psicopata). Mas o cineasta não utilizou um animal de verdade, ao contrário do que fez nas gravações de “Manderlay”, e por entender também que isso não seria tolerado.

Von Trier, Tarkovsky e Hellman

Há 15 anos, Von Trier sacrificou um burro para o filme e atraiu a fúria do ator John C. Reilly, que abandonou o set de filmagem na Suécia e voltou para os EUA. A repercussão obrigou o cineasta dinamarquês a cortar a cena.

Gosto muito de Tarkovsky e o considero de uma sensibilidade incrível, mas ele também foi infeliz ao sacrificar um cavalo no filme “Andrei Rublev”, de 1966. Porém o mundo naquela época via com naturalidade o sacrifício de equinos, e a perspectiva em mais de 50 anos creio que mudou – pelo menos nesse contexto.

Quando penso em cavalos no cinema, me recordo de Graham Chapman em “Monty Python e o Cálice Sagrado” com seu cavalinho de pau e a sonoplastia do choque de cocos. Apesar da ironia, sempre vi algo de bucólico nisso.

Roger Corman, uma das maiores referências dos filmes B, também apelou ao endossar rinhas reais de galos no filme “Cockfighter”, do Monte Hellman, lançado em 1974.

Na busca pelo realismo do submundo, mas que chega ao sensacionalismo, a empatia era dinamitada. Inclusive esse filme foi banido em partes dos EUA e em alguns países por causa da violência explícita.

Tendência é de que o uso caia cada vez mais


Claro, hoje animais ainda são usados em filmes, mas em número muito inferior a outras décadas e a tendência é de que o uso caia cada vez mais.

Uma das maiores bilheterias da década passada, “Rei Leão” é um exemplo disso. Me recordo que Favreau disse que hoje há tecnologia de sobra para não sujeitar animais a situações de exploração e perigo.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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