Startup está replicando a partir de algas as mesmas proteínas encontradas no leite de vaca

Além de rico em proteínas e conter todos os aminoácidos essenciais, também será uma boa fonte de ácidos graxos ômega 3, fibras, ferro e cálcio, segundo Wang (Foto: Divulgação)

Sediada em San Diego, nos Estados Unidos, a startup Triton Algae Innovations está replicando a partir de algas selvagens, não transgênicas, as mesmas proteínas encontradas no leite de vaca, o que pode beneficiar veganos, vegetarianos, intolerantes à lactose, o meio ambiente e os animais. Segundo a empresa, a matéria-prima tem um gosto similar ao de uma salsa doce.

Em entrevista concedida ao Food Navigator, o presidente e CEO da Triton Algae Innovations, Xun Wang, explicou na semana passada que o produto que eles estão desenvolvendo a partir de algas poderá substituir os derivados lácteos, sendo excelente para ser utilizado em barras nutricionais, cereais, iogurtes, sucos, smoothies, bebidas esportivas e bebidas energéticas. Além de rico em proteínas e conter todos os aminoácidos essenciais, também será uma boa fonte de ácidos graxos ômega 3, fibras, ferro e cálcio, segundo Wang.

A principal alga verde utilizada pela startup é a Chlamydomonas reinhardtii, espécie heterotrófica que está sendo alimentada com substâncias orgânicas em tanques de fermentação. “As proteínas que as algas criam têm a capacidade de expressar múltiplas proteínas encontradas em plantas e células de mamíferos, incluindo a osteopontina bovina e humana [encontrada no leite materno]”, destaca a publicação do Food Navigator.

O CEO também afirmou que o sabor superior é outro diferencial dessa alga que possui parede celular baseada em glicoproteína o que a torna totalmente digerível, levando grande vantagem sobre a chlorella que tem parede celular baseada em um material diferente.

Vale lembrar que em junho deste ano a CNN publicou um artigo intitulado “Experts say algae is the food of the future. Here’s why”, explicando por que especialistas estão certos quando afirmam que as algas são as proteínas do futuro. Além de serem saudáveis e ricas nutricionalmente (40% da sua composição são proteínas), não exigem água doce para se desenvolverem – ao contrário da criação de gado e da agricultura industrial que demandam 70% da água doce disponível.

As algas podem crescer tanto no deserto quanto em oceanos, lagoas e aquários – o que as coloca em vantagem sobre todas as proteínas de origem animal produzidas no mundo. Além disso, não demandam grandes cuidados. Por isso, empresários estão reconhecendo nas algas um bom investimento que mira o futuro.

Outra startup que tem investido nesse segmento é a iWI. A poucos metros da fronteira, em Columbus, no Novo México, a empresa está cultivando uma variedade de algas em grande escala, em uma fazenda com mares verdes até onde a vista alcança. “São 900 acres – 98 dos quais estão atualmente sendo cultivados – e opera o ano todo”, informa Rachel Crane, jornalista da CNN, que aprovou o sabor das algas cultivadas na localidade.

Rebbeca White, vice-presidente de operações da iWI explicou à jornalista que há centenas de milhares de variedades de algas no mundo e apenas um subgrupo com algas malcheirosas e viscosas – o que é uma exceção entre tantas. Como resultado dessa produção, a empresa já está comercializando lanches à base de algas e também proteína de algas em pó.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *