Milhões de animais não sabem que vão morrer amanhã

Foto do projeto “Eyes on Animals”, que registra o olhar dos animais minutos antes de serem executados nos matadouros

A esta hora, em muitas partes do mundo, há milhões de animais das mais diferentes espécies que não sabem que vão morrer amanhã. Em breve, estarão pendurados, expostos nas vitrines dos açougues, esquartejados e fatiados para ocuparem pequenos espaços em bandejas. Não sabem que a maioria não há de chorar, nem mesmo lamentar por eles.

Não terão velório nem enterro. Apenas perecerão como se jamais tivessem existido, como se fossem seres insignificantes. Do lado de cá, muitos olharão para suas carnes e as desejarão como se jamais tivessem sido partes de qualquer tipo de vida.

Imagine a si mesmo incapaz de falar ao ser subjugado por ser de outra espécie. Não há o que fazer, a não ser torcer por um mínimo de compaixão. Mas essa compaixão inexiste porque a espécie que o domina é incapaz de vê-lo como alguém digno do direito à vida. Você é somente um produto e nada mais que isso. Apenas a realidade animal não humana.

Em todos os lugares há animais que não sofreriam de forma desnecessária se os incluíssemos em nosso círculo moral. Por que ignorar que a capacidade de sentir, estimular e compartilhar empatia é uma das mais belas capacidades humanas? Se rejeitamos isso, creio que não há tantas coisas nobres pelo que viver.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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