Apetite humano é uma terrível prisão para os animais

Ilustrações: Sue Coe

Leu que “pelo menos” 70% dos animais criados para consumo no mundo vivem em confinamento. Logo pensou no total de mais de 88 bilhões de mortos por ano em um planeta com população humana de 7,9 bilhões.

“Significa que pelo menos 61,6 bilhões vivem em prisões. Sim, porque confinar é aprisionar, privar de circulação. Em número de indivíduos, mais de sete vezes a quantidade de humanos. São muitas individualidades, vontades, personalidades e necessidades mantidas em espaços de miséria com caráter dissociativo. Afinal, quem diria que viver preso é viver bem? Se isso fosse verdade, desejaríamos a prisão para nós mesmos, certo?”

“Faz sentido. E quem pode provar que os outros 30% vivem, de fato, a liberdade? Já que não existe liberdade quando sua vida e tudo que a envolve é determinado por vontade que não é sua. Quero dizer, entendo que a partir do momento que sou trazido ao mundo essencialmente para beneficiar alguém (a partir do lucro) e outrem (a partir do consumo), o que menos importa é minha liberdade e mesmo o reconhecimento de qualquer capacidade sobre o que fazer com ela. Então sou levado a fazer o que querem que eu faça e que aja como sou condicionado a agir.”

“Sim, e, qualquer coisa diferente disso, você será visto como ameaça e, por ser criatura não humana, um candidato a um abate ainda mais precoce do que os outros, porque comportamento inaceitável é antecipador de morte quando se é ‘criatura para consumo’. Mas quantos olham para esses animais e reconhecem que o mundo tem uma quantidade absurda de prisões para não humanos que nunca cometeram qualquer crime? Pensemos nas gaiolas, nas grades, nas caixas, nos galpões e barracões, nas estreitas pocilgas. E já nascem sentenciados à pena de morte. Afinal, da prisão só saem para atordoamento e degola.”

“E quantos são mortos com sede e fome? Porque jejum é imperativo no pré-abate. Veja como os pobres animais tentam beber água a caminho do matadouro em dia de chuva. E ainda dirão que tiveram boa vida e foram felizes.”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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