Artista critica violência por trás do consumo de leite

Quem não conhece a realidade por trás do consumo de leite e derivados pode acreditar que esses produtos que chegam às nossas mãos são produzidos da forma mais pacífica possível.

Além das vacas leiteiras serem condicionadas a produzirem grandes volumes de leite, e nesse processo ainda desenvolverem problemas associados ao estresse físico e emocional decorrente de uma atividade que se repete por longos períodos, elas são separadas muito cedo dos bezerros para que um alimento que existe para nutri-los seja destinado ao consumo humano.

E, claro, como subproduto da indústria leiteira, o bezerro é abatido pouco depois, porque sua criação é vista como prejuízo para quem investe na pecuária de leite, já que sua genética não é a mesma dos bovinos criados para a “pecuária de corte”.

O mesmo destino tem a vaca quando a queda na produção deixa se ser vista como “economicamente vantajosa”; o que também pode ocorrer quando ela desenvolve algum problema de saúde que exige cuidados especiais ou considerados “onerosos”.

Considerando essa realidade, a ilustradora e tatuadora Marlaina Mortati, dos Estados Unidos, decidiu chamar a atenção para a violência por trás do leite, que a maioria dos consumidores desconhece.

“Me tornei vegana em 9 de agosto de 2011 e mudei o foco de minhas obras para temas veganos e de direitos animais em 2013”, informa a artista, que se tornou especialista em tatuagens veganas.

Em uma de suas obras mais conhecidas (em destaque no início), Marlaina apresenta um bezerro se afogando dentro de uma garrafa de leite – em uma simbologia de que o nosso consumo é a sentença desses animais que nada mais são do que crianças de outra espécie. A intenção é chamar a atenção para a urgência de uma mudança de hábitos alimentares.

Em outra ilustração (em destaque no início), a artista questiona nossa indiferença em relação à vaca e ao bezerro quando consumimos produtos derivados do leite como sorvetes. As lágrimas são uma referência à separação precoce de mãe e filho, financiada por nós e pelas empresas que utilizam leite em seus produtos. Porém, vale reforçar que nós pagamos para que façam isso.

Marlaina classifica a sobremesa de sua arte como sorvete de vitela – em alusão ao sacrifício que é imposto ao bezerro e à mãe para que possamos saciar uma vontade facilmente substituível; até porque há sorvetes sem ingredientes de origem animal.

A artista também questiona em suas obras a crueldade por trás dos testes em animais, consumo de carne e entretenimento com animais. Ela parte da consideração de que tudo que fazemos contra outras espécies poderia chegar ao fim se assumirmos a responsabilidade de refletirmos e mudarmos para melhor – investindo em alternativas e beneficiando outros animais e o planeta, além de nós mesmos.

Em resumo, as ilustrações de Marlaina Mortati, de traços bem realistas e expressivos, e tão figurativos quanto diretos, são um endosso à necessidade de libertarmos os animais do nosso domínio e entendermos que se ansiamos por um futuro melhor, realmente precisamos mudar nossa maneira de viver.

Ou seja, devemos enxergar que outras espécies também têm suas próprias necessidades, incluindo o anseio por evitar a exploração e a violência imposta pela humanidade, e que não devem ser desconsideradas apenas porque nos parece mais confortável. Afinal, não estamos sozinhos neste planeta.

Acompanhe o trabalho de Marlaina Mortati:

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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