Avon anuncia fim dos testes em animais

Empresa destacou que esse é um compromisso para criar um novo futuro (Foto: Getty)

A empresa de cosméticos Avon, uma das mais criticadas em campanhas contra o uso de animais na indústria cosmética, informou ontem (18) por meio de comunicado oficial compartilhado em suas mídias sociais que seus produtos não passarão mais por testes em animais “em nenhum lugar do planeta, nem na China”, embora não tenha divulgado quando ocorrerá a mudança. A empresa destacou que esse é um compromisso para criar um novo futuro.

Segundo a Avon, a forma encontrada para que seus produtos não passem por testes em animais em território chinês foi a decisão de reformular suas linhas de produtos e abrir novos canais de comércio online que não exijam o cumprimento dos requisitos legais para a realização desses testes.

De acordo com a empresa, que pretende buscar mais certificações “cruelty free” ou “livre de crueldade”, seus produtos não passam por testes em animais no Brasil há 30 anos.

Em novembro, a marca de produtos de cuidados com a pele Bulldog foi anunciada como a primeira empresa internacional da categoria a comercializar produtos não testados em animais na China. A conquista, segundo a organização Cruelty Free International (CFI), é resultado de um projeto em parceria com a empresa Knudsen & Co, com o Parque Industrial de Fengpu, no subdistrito de Xangai, e com a Beauty Valley.

A CFI explicou que a proposta é parte da campanha Leaping Bunny China, que visa garantir que empresas comercializem produtos não testados em animais no país. “Por meio do nosso projeto, os produtos da Bulldog serão supervisionados para garantir que não sejam submetidos a testes em animais na China em nenhum momento durante o seu ciclo de produção”, informou.

O fundador da Bulldog Skincare, Simon Duffy enviou um comunicado informando que jamais considerariam comercializar na China se um projeto como esse não estivesse em andamento. “Sempre nos desafiamos a fazer escolhas éticas quando se trata do bem-estar animal. Mesmo com a tentação enorme do mercado chinês, decidimos que nunca comprometeríamos nossa posição em relação aos testes em animais.”

PL quer proibir testes em animais em todo o Brasil

De autoria do deputado federal Célio Studart (PV-CE), o Projeto de Lei (PL) 948/2019, recentemente apensado ao PL 6325/2009, defende a proibição em todo o Brasil do uso de animais em testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfume e limpeza.

De acordo com o deputado, diversos estados brasileiros já avançaram na proibição, que condiz com o respeito à dignidade animal. Alguns exemplos são os estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

No entanto, como não há uma lei federal que proíba a realização de testes, e inúmeros estados ainda são permissivos nesse aspecto, há uma necessidade de se criar uma lei para estender tal consideração ao bem-estar animal em outros estados.

“A União Europeia também avançou no sentido de deixar de comercializar produtos cosméticos que são testados em animais. É, portanto, uma tendência mundial a expansão dessa proibição, tendo em vista que os testes em animais não se justificam racionalmente”, comentou Studart.

O deputado classifica o método de testes em animais como completamente atrasado, e defende que eles não deveriam ser instrumentalizados para fins de desenvolvimento de cosméticos.

“O fato de os animais terem sentimentos e dignidade, por si só, já é suficiente para a proibição. No entanto, há que se ressaltar também que existem outros métodos de testes, que não são feitos em animais, como, por exemplo, um método que reconstitui a epiderme humana, com mais eficácia e sem precisar utilizar os animais”, argumentou.

E acrescentou: “A ciência já possui métodos sem utilizar os animais. A tecnologia deve avançar no sentido de promover a dignidade dos animais e dos seres humanos.”

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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