De acordo com uma investigação da organização britânica Earthsight, grandes fabricantes de automóveis como BMW e Land Rover estão financiando desmatamento ilegal em grandes áreas florestais na parte paraguaia da região de Gran Chaco, habitat de animais como onças e tamanduás-bandeira.
“Essa destruição está sendo impulsionada por empresas pecuárias para atender a demanda internacional por carne bovina e couro”, informa a Earthsight e acrescenta que o desmatamento também está ameaçando o lar do único povo indígena paraguaio que vive em isolamento voluntário fora da floresta amazônica – os Ayoreo.
Os investigadores da Earthsight localizaram os matadouros que compravam gado dessas fazendas ilegais em Gran Chaco e rastreou a cadeia de abastecimento que transportava couro até alguns dos maiores curtumes da Europa, situados na Itália, principal destino do couro paraguaio.
Foi assim que a organização identificou que a matéria-prima proveniente do abate de gado criado em áreas de desmatamento ilegal está sendo utilizada para estofamento de diversos modelos de carros da BMW e da Land Rover – incluindo o Range Rover Evoque.
Couro de áreas desmatadas poderia cobrir Manhattan três vezes
Segundo a Earthsight, nenhuma das empresas contestou a acusação. “A maioria das exportações de carne e couro do país [Paraguai] são de terras recentemente desmatadas, até um quinto das quais ilegalmente. Estudos indicam que essas exportações são responsáveis por mais desmatamento do que qualquer outra commodity.”
Entrevistando delatores do governo e conseguindo informações à paisana com grileiros de terras, a investigação da Earthsight revelou a corrupção e o tráfico de influência que tem possibilitado essa devastação ambiental.
Por ano, o couro proveniente do gado criado nessas terras desmatadas e utilizado na fabricação de carros poderia cobrir Manhattan (distrito de Nova York) três vezes. Além disso, a indústria automobilística está entre as maiores consumidoras do couro brasileiro, onde a criação de gado é a principal causa de desmatamento.
Saiba Mais
Segundo a Earthsight, nenhuma empresa de automóveis foi capaz de rastrear todo o couro utilizado em seus veículos, o que significa que o volume de couro associado ao desmatamento pode ser ainda maior.
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