Você já viu a boca de um porco criado para consumo?

Ou seja, se você come carne de porco, você é responsável por isso (Fotos: Shutterstock)

Você já observou o interior da boca de um porco criado para consumo? Se fizer isso, você pode perceber um leve aclive. Isto porque normalmente os dentes dos leitões são desbastados, serrados ou removidos com precocidade.

Sim, eles nascem com oito dentes, e alguns são extraídos e outros encurtados rente à gengiva, porque segundo normas industriais isso pode colocar em risco o próprio animal, a mãe durante o processo de amamentação e os outros suínos com quem ele convive.

Mas se esses dentes são inúteis ou nocivos por que eles nascem com eles? Por que durante milhares de anos ninguém se preocupou em remover os dentes dos porcos selvagens? Porque esses animais não eram amontoados e criados para consumo em ambientes fechados e sob condições propiciadoras de constante estresse.

Sendo assim, essa prática de remover ou ‘desgastar’ dentes não faz muito sentido fora de uma contextualização mercadológica, e obviamente está associada à demanda, ao consumo de animais. Ou seja, se você come carne de porco, você é responsável por isso.

Quem gostaria de ser reduzido a alimento para alguém?

Em muitos casos os dentes também são removidos porque, mais cedo ou mais tarde, os animais ficarão agitados, estressados e como consequência podem ferir uns aos outros e até mesmo praticar canibalismo. Afinal, quem gostaria de ser obrigado e condicionado a viver em estado de privação? A ter uma vida pautada em servir de alimento para alguém?

Sejamos honestos, se uma pessoa vai se alimentar de porcos, animais que são mais inteligentes do que os cães, não vejo problema nenhum em dizer a verdade, em fornecer informações reais que não romantizam a realidade desses animais. Que sejamos responsáveis por aquilo que consumimos, mesmo que isso signifique arrancar dentes de animais dóceis, sem anestesia e talvez até usando alicates.

Não tenha dúvida, quando alguém compra bacon, pernil, bisteca, copa-lombo, pancetta, ossobuco, maminha, costela, entre outras partes, sim, está a financiar tais ações. Ademais, sabemos que a verdade é que a maioria não se preocupa, de fato, com a origem do que consome.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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