Brasil é o país que mais mata bovinos

(Foto: Aitor Garmendia/Tras Los Muros)

Com um rebanho de 214,7 milhões (o maior do mundo), conforme estimativa de 2020 do IBGE, ou seja, isso significa que no Brasil há mais bovinos do que pessoas (211,8 milhões), o país é o que mais mata bovinos – o que também está associado à liderança mundial nas exportações de carne vermelha.

Em 2019, o Brasil matou mais de 32 milhões desses animais. Já em relação a 2020, embora o IBGE ainda não tenha apresentado dados do último trimestre, e mesmo com a pandemia de covid-19, a previsão é de que tenham sido mortos no país de 29 a 30 milhões de bovinos.

Só nos nove primeiros meses foram abatidos 22,08 milhões. E por tradição, o número sempre aumenta no último trimestre do ano, considerando dados dos anos anteriores.

Média de 2,5 milhões de mortos por mês 

Isso pode significar uma média de 2,5 milhões de mortos por mês em 2020 e mais de 83 mil abatidos por dia. É um número bem elevado se pensarmos em bovinos como indivíduos que são.

E todos eles passam pelo mesmo processo que se repete diariamente em todo o país quando falamos de animais criados para consumo. Ou seja, vêm ao mundo para engordarem até o precoce momento em que são considerados ideais para o abate.

Enquanto digito este texto, por exemplo, bois são mortos de Norte a Sul do país. Há disparos contra suas saudáveis e belas cabeças antes de serem pendurados e degolados.

Idade do fim

No caso dos bois, animal com expectativa de vida de 15 a 20 anos, o abate ocorre com idade de 30 a 48 meses, segundo informações da Embrapa, embora seja cada vez mais comum o abate aos dois anos e aos dois anos e meio, até porque alguns mercados não aceitam animais com mais de 30 meses de idade.

Já os touros utilizados como reprodutores, assim como as vacas, são “descartados” a partir dos cinco anos. Essas são as faixas variáveis quando falamos de animais adultos.

No caso do vitelo, o abate pode ocorrer a partir do nascimento até os dez meses de idade. Já os novilhos começam a ser abatidos aos nove meses – tudo depende do mercado consumidor.

Como são mortos?

Os bovinos passam pelo processo de “atordoamento” ou “insensibilização”, que consiste em deixar o animal inconsciente utilizando marreta ou pistola pneumática. Esse método não é permitido na “produção” de carne kosher ou halal – que prevê degola sem insensibilização.

Quando o animal cai no chão se debatendo após um disparo de pistola, logo é pendurado e degolado. Vômitos são comuns antes da sangria, quando os grandes vasos sanguíneos do pescoço do bovino são cortados. Nessa etapa, cada animal perde de 15 a 20 litros de sangue.

A morte ocorre por falta de oxigenação no cérebro. As etapas seguintes incluem esfola e remoção do couro e cabeça, evisceração e refrigeração. Tudo isso é realizado para que os consumidores tenham à sua disposição nos açougues as partes desses animais dissociadas do que foram, ou seja, de vidas.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *