Brasil, um país onde a esquerda não defende os animais

Iniciativa que levou frases em defesa dos animais ao Congresso Animal em julho (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

Me identifico mais com a esquerda, e na eleição passada votei no Ciro Gomes no primeiro turno e no Haddad no segundo, mas verdade seja dita, em âmbito federal, a maior parte dos projetos de lei no Brasil em benefício dos animais não foi criada por políticos que se identificam como de esquerda.

Produzindo matérias sobre projetos de lei com frequência, posso dizer que no Brasil há três partidos que respondem pelo maior volume de projetos em defesa dos animais: Partido Verde, Patriota e Progressistas, e nenhum desses é de esquerda. O Patriota, por exemplo, é de centro-direita.

Quem tiver dúvidas, é só conferir na categoria Política da VEGAZETA e fazer um mapeamento no site da Câmara dos Deputados. Não estou elogiando esses partidos, mas fazendo uma constatação óbvia e objetiva. A esquerda que diz prezar tanto por justiça e igualdade no Brasil continua também na sua esteira extremamente especista.

Afinal, não difere de partidos de outros espectros nessa questão – o que parece-lhe mais confortável em um país em que defensores dos animais ainda são minoria. Ou seja, soa-me como uma crença de ilegitimidade popular na luta pelos direitos animais, como se reconhecer a importância dessa luta dependesse mais do que da nossa própria percepção – basta ter olhos e capacidade de constatação.

Uma esquerda que não inclui animais no combate às injustiças 

Acredito que Jair Bolsonaro é o pior presidente para os animais em toda a história política brasileira desde a redemocratização e talvez até antes (o cara não se sensibiliza nem com maus-tratos contra cães e gatos – basta avaliar suas hesitação em relação ao PL 1095/2019 – a mesma que não teve quando sancionou o Dia Nacional do Rodeio) – mas achar que os atuais representantes da esquerda no Congresso Nacional são exemplos de busca por justiça para os animais é uma exímia desatenção.

O problema dessa esquerda institucionalizada que existe no Brasil hoje, e que bate no peito quando fala em combate às injustiças, é que também gosta de meias verdades e resiste a fazer um exame de conduta e consciência, e não raramente tem seus representantes defendendo uso de carroças de tração animal (em 2020?) e sacrifício de animais.

Independente de suas supostas razões, por outro lado, responde por número pífio de propostas em benefício de não humanos (até mesmo dos chamados ‘animais de companhia’), e às vezes adota determinadas bandeiras contra a exploração animal apenas quando parece-lhe conveniente politicamente. Quantos desses políticos de esquerda que falam na defesa da Amazônia e dizem combater a expansão agropecuária no plenário já tiraram a carne do prato?

Bom, não gosto do que a direita representa, mas também não aprecio viscerais hipocrisias que velam realidades desconcertantes e pouco consideradas sobre a atual realidade política brasileira. Enquanto a esquerda no Brasil não reconhecer de verdade a importância da defesa animal, não vejo sentido para tentar fazer parecer o oposto, quando qualquer breve pesquisa prova o contrário.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

2 respostas

  1. Eessa esquerda defendeu a Amazonia ? lula foi o presidente q mas devastou a Amazonia e o Cerrado .basta acessar no google . O video do Pirrula . desmatamento na Amazonia. A informacao eh a fonte do conhecimento

  2. Por favor NÂO POLITIZEM o veganismo. Já o super dífcil convencer as pessoas a serem veganas, se bota algo politica no meio então fica pior.

    Gostava de propor uma espécie de pacto entre nós veganos: Quando for para criticar ou elogiar algum politico que fiquemos só por isso mesmo e não falar em lado. Eu por exemplo tenho uma ideologia politica e procuro nunca misturar as coisas, por exemplo nunca digo: olha lá o outro lado político não serve para defender os animais, é incoerente ser vegano e apoiar o partido X etc… Até porque os dois lados deixam muito a desejar.

    A solução é pressionar os candidatos e partidos, independentemente do seu lado, a por o veganismo na sua agenda, até para que o tema passe a fazer da campanha juntamente com a educação, transportes economia e afins. Eu tenciono fazer isso já próxima eleição municipal.

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