Cattle Decapitation: “Os animais não têm direitos”

Travis Ryan: “Tenho uma ligação forte com os direitos animais. Somos aquilo que tocamos desde os nossos primeiros registros no final dos anos 1990” (Foto: Divulgação)

Fundada em San Diego, na Califórnia, em 1996, a banda de deathgrind Cattle Decapitation surgiu com a proposta de abordar questões como a exploração de animais, a destruição do meio ambiente e outros problemas gerados pela humanidade na ânsia por dinheiro e poder.

Em 6 de julho de 2012, o vocalista Travis Ryan concedeu uma entrevista ao Metal Sucks defendendo que os animais deveriam ter direitos. “No fim do dia, os animais não têm direitos. É um tema tocante. Por sermos a espécie mais inteligente do planeta, tudo isso é ignorado. Em vez de ajudá-los, criamos coisas como as fazendas industriais”, lamentou.

Entre os problemas apontados por Ryan também está o descontrole na tutela de animais. Ele sustenta que seria importante emitir licenças para que as pessoas provem que têm condições de garantir qualidade de vida aos animais domésticos.

“Deveria haver leis mais rigorosas a respeito disso. Tenho uma ligação forte com os direitos animais. Somos aquilo que tocamos desde os nossos primeiros registros no final dos anos 1990 [em referência ao EP “Human Jerky”, que traz 18 músicas]”, disse.

O vocalista desabafou que é sempre desconfortável se deparar com pessoas que não se esforçam em entender a proposta da banda. “O que posso fazer é reiterar o que sinto, o que realmente somos.”

“Convido as pessoas a lerem nossas letras”

Segundo Travis Ryan, uma de suas prioridades é falar sobre como os seres humanos têm prejudicado animais não humanos. “Convido as pessoas a lerem nossas letras antes de considerarem o julgamento que os outros fazem de nós”, alertou ao The Moshville Times, do Reino Unido, em publicação de 22 de julho de 2015.

Em entrevista à revista Guitar World em maio de 2012, Ryan declarou que as pessoas têm uma tendência a ter uma visão visceral do que é uma banda que defende os direitos animais. “Por ser um tema polêmico, há polarização por parte das pessoas e da mídia. Elas preferem exagerar as coisas”, enfatizou.

Sobre as experiências como vegetariano em turnê, Travis Ryan relatou que muitas vezes as pessoas oferecem alimentos que eles não têm como ter certeza se há algo de origem animal na composição:

“Não temos o luxo de ir a um Whole Foods às três da manhã depois de um show. À essa altura, vamos a algum Taco Bell ou outro lugar nojento. É triste porque você viaja queimando combustíveis fósseis, e seu veículo fica coberto de carcaças de insetos. Às vezes, até de pássaros e outros animais. É por isso que posso dizer que hoje sou vegetariano, mas não vegano. Vivo minha vida com tanta compaixão quanto posso em relação aos animais e ao meio ambiente. Mas quando estou em casa é muito mais fácil.”

Esmagando a biodiversidade

Em “Manufactured Extinct”, do álbum “The Anthropocene Extinction”, lançado pelo Cattle Decapitation em 2015, Travis Ryan, que tem um vocal gutural peculiar, canta sobre como o homem do período Antropoceno tem esmagado a biodiversidade e acelerado as mudanças climáticas por motivações egocêntricas:

“Máquinas para construir máquinas/Forjando o fim de todas as coisas vivas/Sacrificando toda a moralidade, os fins justificam os meios/Tecnologia define as eras/Nossa história humana queima suas próprias páginas.”

Em outro trecho da música, Ryan lamenta que espécies inteiras são exterminadas em decorrência da inconsequência humana. “Milhões de hectares desfigurados/Não renováveis. Foda-se esta carne/Curadoria da aflição/A real natureza emergiu/Debaixo do sol e na planície/Uma tragédia foi articulada/Por mãos de culturas entrelaçadas em ganância e formas cruéis de vida”, berra em “Manufactured Extinct”.

Saiba Mais

Cattle Decapitation significa decapitação do gado.

A banda lançou oito álbuns entre os anos de 2000 e 2019.

Deathgrind é uma combinação de death metal e grindcore.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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