César Chávez: “Me tornei vegetariano ao perceber que animais sentem medo”

“Tenho sentimentos profundos pelo vegetarianismo” (Fotos: Four Paws/UFW)

César Chávez foi um líder dos direitos civis nos Estados Unidos que atuou principalmente em defesa dos trabalhadores rurais. Em 1962, ele fundou com Dolores Huerta a National Farm Workers Association, atual United Farmer Workers (UFW). Assim como Mahatma Gandhi e Martin Luther King, Chávez também promovia o ativismo não violento. E foi exatamente isso que o levou a adotar mais tarde o vegetarianismo e a se tornar também um defensor dos direitos animais.

Em vez da violência, o líder dos direitos civis chamava a atenção para a situação dos trabalhadores rurais por meio de táticas pacíficas como boicotes, greves e jejuns. Em 1968, ele ficou famoso pela realização de um jejum de 25 dias. Logo depois, César Chávez virou vegetariano. A sua adesão ao vegetarianismo também foi influenciada por seu cão Boycott.

“Me tornei vegetariano ao perceber que animais sentem medo, frio, fome e tristeza como nós. Tenho sentimentos profundos pelo vegetarianismo e pelo reino animal. Foi meu cão Boycott que me levou a questionar o direito dos seres humanos de comer outros seres sencientes”, disse Chávez em citação registrada no livro “Animal Rights: All That Matters”, publicado em 2013 por Mark Rowlands.

Chávez, que foi vegetariano por 25 anos, ou seja, até o seu falecimento, e por vezes também considerado vegano, já que ele não consumia nada de origem animal, criticou a exploração animal em todos os níveis e influenciando milhares de pessoas. Ele não admitia que animais continuassem sendo usados para alimentação, como cobaias em experiências científicas ou para “entretenimento” e “esportes”.

Importância do vegetarianismo 

De acordo com Marc Grossman, que foi assessor de Chávez, o líder dos direitos civis fazia o possível para mostrar às pessoas que o vegetarianismo já deveria ter sido adotado pela humanidade se o nosso objetivo é um futuro mais justo e pacífico. Em homenagem ao tio que excluía a violência do próprio prato, Camila Chávez tornou-se vegetariana, e em entrevista à Más Magazine declarou que o vegetarianismo é um caminho bem fácil. “Cresci rodeada por vegetarianos, e refeições vegetarianas são sempre uma opção”, explicou.

Chávez acreditava que a paz só poderia ser verdadeiramente alcançada a partir do momento em que começássemos a respeitar todas as criaturas. “Bondade e compaixão para com todos os seres sencientes é uma marca de uma sociedade civilizada. Por outro lado, a crueldade, seja dirigida contra seres humanos ou animais, não é exclusiva de qualquer cultura ou comunidade de pessoas”, escreveu em uma carta de 26 de dezembro de 1990, endereçada a Eric Mills, da Action For Animals.

Ele declarou ainda que luta de cães e galos, touradas e rodeios são provenientes da mesma fábrica, a fábrica da violência. Além disso, defendia a valorização dos pequenos agricultores, e a produção de alimentos naturais. Nos Estados Unidos, o dia 31 de março, que lembra o seu aniversário, é dedicado à sua memória.

Nesse dia, muitas pessoas, principalmente na Califórnia e na Flórida, realizam trabalho voluntário em benefício da comunidade. Muitas passam o dia em abrigos de animais, distribuindo e divulgando panfletos sobre os direitos humanos e animais – considerados por Chávez como igualmente importantes.

Saiba Mais

César Chávez nasceu em 31 de março de 1927 em Yuma, Arizona, e faleceu em San Luiz, também no Arizona, em 23 de abril de 1993.

Ele foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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