Cientistas recebem R$ 20 mi para pesquisas em novas proteínas

“Se queremos ver produtos vegetais e carne cultivada se tornarem uma parte fundamental da cadeia global de alimentos, é preciso gerar conhecimento científico por meio de pesquisa” (Foto: Acervo/Lively Days)

O Good Food Institute (GFI) divulgou nesta segunda-feira (23) um investimento equivalente a R$ 20 milhões para fomentar pesquisas no campo de proteínas alternativas. Foram contemplados vinte e um cientistas de nove países: Brasil, Austrália, Holanda, Portugal, Sérvia, Suíça, Estados Unidos e Reino Unido.

Programa criado para apoiar conhecimento científico 

Viabilizado por meio de doações de filantropos visionários, o Programa de Incentivo à Pesquisa do GFI foi criado para apoiar pesquisas de acesso livre que desenvolvam o conhecimento científico nas áreas de proteínas vegetais e carne cultivada – tecnologias que vão revolucionar o sistema de alimentos e contribuir para solução de diversos desafios associados à produção convencional, segundo o instituto.

Irão receber o apoio bioquímicos, engenheiros de tecidos, especialistas em modelagem
computacional, geneticistas de plantas e engenheiros de alimentos cujos projetos buscam
soluções para barreiras técnicas encontradas nas indústrias de proteínas vegetais e carne
cultivada.

Soluções para melhorar sabor, textura e custos 

De acordo com o GFI, o foco é em pesquisas que buscam desenvolver soluções para melhoramento de sabor, textura, custo e escalabilidade de produtos nessas áreas.

Desde o início do Programa de Incentivo à Pesquisa do GFI, em 2019, foram concedidos mais de R$ 35 milhões em forma de financiamento para iniciativas de pesquisa de
acesso livre em todas as áreas da cadeia de produção de alimentos: desde melhoramento de safras, passando por formulação de produtos vegetais a desenvolvimento de cultura de células e bioprocessos para escalar a produção de carne cultivada.

“Se queremos ver produtos vegetais e carne cultivada se tornarem uma parte fundamental da cadeia global de alimentos, é preciso gerar conhecimento científico por meio de pesquisa”, diz Erin Rees Clayton, diretora-associada de Pesquisa e Tecnologia do GFI.

E acrescenta: “No trabalho para encontrar abordagens sustentáveis para atender à demanda global por carne, esse subsídio permitirá preencher lacunas críticas em pesquisa sobre proteínas alternativas, respondendo a questões em aberto e atendendo a necessidades tecnológicas.”

Transformação do sistema global de alimentos

“O sistema global de alimentos está prestes a passar por uma transformação, mas para isso é necessário que a indústria supere desafios tecnológicos significativos que ainda estão
presentes como preço comparável, escalabilidade e comercialização.” diz a Dra. Katherine de Matos, que lidera o Departamento de Ciência e Tecnologia do GFI no Brasil.

“Conhecimento científico robusto e de acesso livre é a base que permitirá o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas como um todo. Isso trará as proteínas alternativas para a mesa dos consumidores de forma definitiva.”

Na edição de 2019, o GFI concedeu mais de R$ 15 milhões para 14 projetos de pesquisa de oito países: Canadá, China, Estônia, Israel, Noruega, Sérvia, Reino Unido e Estados Unidos. Essa primeira leva de pesquisas já fez progresso significativo nos últimos doze meses e o Brasil agora faz parte do time de países gerando conhecimento para transformar a produção de alimentos.

Cientistas brasileiras contempladas

Dra. Ana Carla Kawazoe Sato, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): neste
projeto, a pesquisadora estudará a produção de carne vegetal a partir de proteína extraída da folha da mandioca. Um dos potenciais impactos deste projeto está relacionado à
sustentabilidade e à redução de custos de ingredientes de carne vegetal, pois utiliza um
resíduo que seria descartado para a extração da proteína.

Dra. Ana Paula Dionisio, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa –
Agropecuária Tropical): o objetivo deste projeto é desenvolver uma tecnologia
economicamente viável para transformar os resíduos do caju em carne de origem vegetal.
Assim, como um dos benefícios, reduzirá os custos com ingredientes, obtendo valor a partir de um resíduo.

Dra. Caroline Mellinger Silva, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa –
Agroindústria de Alimentos): a pesquisa consistirá na obtenção de proteínas a partir de feijão que serão utilizadas no desenvolvimento de carnes vegetais. Um dos objetivos é otimizar a produção de concentrado e isolado proteico de feijão comum, contribuindo para acelerar o escalonamento de carnes vegetais a partir de um grão muito cultivado.

Para ver a lista completa dos contemplados pelo programa em 2019 e 2020, clique aqui.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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