Como Bolsonaro incentivou o abate de bezerros para consumo

No início de 2023 completa três anos que o governo Bolsonaro publicou a Instrução Normativa nº 2, de 27 de janeiro de 2020, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), visando incentivar o abate de bezerros para fins de consumo.

Até pouco tempo atrás, bezerros que nasciam em fazendas leiteiras tinham de ser alimentados somente com leite para que a carne pudesse ser comercializada como vitela, o que desestimulava o interesse dos produtores de leite brasileiros.

Porém, desde 2020 o Brasil permite que o uso do termo “vitela” também se aplique à carne obtida a partir do abate de bezerros com alimentação que inclui concentrados, grãos e suplementos – o que os produtores de leite desejavam para investir nesse mercado.

Ou seja, os mais de cinco milhões de bezerros que nascem por ano nas fazendas leiteiras do Brasil, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), podem acabar em açougues e restaurantes.

É importante lembrar que esses animais são subprodutos da produção leiteira, já que uma vaca precisa procriar e entrar em estado de lactação para que o leite seja destinado ao consumo humano.

Isso significa que o descarte ou abate de bezerros com fins comerciais é uma consequência da demanda por leite. Afinal, se as pessoas não consumissem laticínios, mais de cinco milhões de bezerros não nasceriam por ano no Brasil, onde podem ser descartados ou abatidos ainda muito jovens.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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