Como me tornei vegana ou vegetariana? – Parte XI

Eliane Figueiredo, Juliana Góis, Lory Alliana e Simône Machado (Fotos: Arquivo Pessoal)

Na série “Como me tornei vegana ou vegetariana?”, o VEGAZETA traz depoimentos de pessoas de várias regiões do Brasil, e também de fora do país, que se tornaram veganas, vegetarianas ou que abdicaram do consumo de carnes. O que será que motivou essa mudança? Uma experiência, uma história, um documentário, um filme, um artigo, um livro? Há muitas formas de alguém repensar o consumo de animais. Hoje, compartilhamos um pouquinho da história de transição de Eliane Figueiredo, Juliana Góis, Lory Alliana e Simône Machado.

Eliane Figueiredo, de Fortaleza (CE):

“Desde criança, aprendi a amar os animais. Naquela época, eu já não gostava de me alimentar de carne e seus derivados. Sentia uma tristeza, que me tirava o apetite. Sempre procurei ajudar os animais engasgados, envenenados, mamães e filhotes largados na rua; carroças puxadas a cavalo, com peso acima do máximo permitido, sem contar com o cansaço do animal. Engajei-me em organizações não-governamentais, e o que via era só sofrimento. Acredito que muita coisa vem mudando. As pessoas despertaram para o bem-estar animal. Atualmente, temos leis, brandas demais, em relação aos maus-tratos, cujas punições são ineficazes. Há tanta crueldade, atrocidade e brutalidade, contra essas vidas, promovidas pelo predador homem, o pior de todas as espécies. O meio ambiente clama por cuidados, tamanhas são as catástrofes que assolam o nosso planeta. O veganismo é o caminho para um mundo menos desigual. A alimentação vegana é saudável e possui todas as proteínas necessárias à saúde do ser humano. Sou vegana com muito orgulho e consciência tranquila. Tento disseminar essa prática de qualidade de vida salutar. Tornei-me vegana, absolutamente, por amor aos animais. Eles merecem todo o nosso amor e respeito.”

Juliana Góis, de Ribeirópolis (SE):

“Desde a infância, me sinto ligada aos animais. Porém, cresci ouvindo que carne era essencial, que se não a comesse ficaria doente e morreria. Fui crescendo e tendo contato com outras informações, ouvindo falarem de pessoas veganas ou vegetarianas. As admirava, mas achava que devido às minhas condições financeiras (professora com vários animais resgatados para cuidar) e local onde moro (interior de Sergipe onde o vegetarianismo é coisa de outro mundo), era algo distante da minha realidade. Até que uma prima paranaense veio passar férias na minha casa e adivinha? Era vegetariana! Com ela, aprendi várias receitas simples e compreendi que seria bem mais fácil do q eu imaginava. A partir de então me tornei vegetariana a caminho do veganismo.”

Lory Alliana, de Foz do Iguaçu (PR):

“Tenho 13 meninas (cadelas) resgatadas de maus-tratos. Certo dia, meu filho ganhou um filhote de porco. O criador iria matá-lo por ele ser menor que os demais. Esse porquinho cresceu solto com as meninas e jurava que era um cachorro. Infelizmente, ficou grande demais e meu marido decidiu matar. Foi quando fiz a ligação que não havia diferença entre o porco e minhas filhas dogs. Procurei páginas no Facebook sobre vegetarianos e parei de comer carne. Orgulhosa, um dia comentei em uma postagem que eu não contribuía com a morte de animais há uns seis meses e recebi uma resposta que foi decisiva pra mim: ‘Se você ainda come derivados de animais, você continua matando.’ Desde então o veganismo e o ativismo fazem parte de minha essência.”

Simône Machado, de Foz do Iguaçu (PR):

“Minha irmã se tornou vegetariana, e a partir disso comecei olhar a causa com outros olhos. Mas sempre que tocava no assunto de querer um dia tentar ser vegetariana meu ex-marido criticava, e como era apenas eu quem cozinhava em casa acabava por deixar de lado a questão. Vivi por muito tempo, sem identificar, em uma relação abusiva. Mas em grupos no Facebook me reconheci no feminismo e consegui identificar e me livrar daquela relação. Após três meses de separação, parei com todos os tipos de carne e em grupos de Facebook descobri a exploração que existe por trás da indústria de leite e ovos. A minha identificação com o feminismo me impulsionou a não consumir nada que viesse da exploração do corpo de qualquer fêmea que fosse. E eu jamais me submeteria novamente a uma relação de abuso e nunca mais seria conivente com o sofrimento de qualquer outro ser que por ter nascido fêmea é explorado ainda mais pela indústria. Foi por respeito e amor aos animais que me tornei vegana,  e a ligação entre veganismo e feminismo mudou a minha visão sobre isso.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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