Como me tornei vegano ou vegetariano? – Parte I

Ana Laura Carmo, Eduardo Cotliarenco, Guilherme Kato e Maria Nilda Fernandes da Silveira (Fotos: Acervo Pessoal)

Nas próximas semanas o VEGAZETA vai trazer depoimentos de pessoas de várias regiões do Brasil, e também de fora do país, que se tornaram veganas ou vegetarianas. O que será que motivou essa mudança? Uma experiência, uma história, um documentário, um filme, um artigo, um livro? Há muitas formas de alguém repensar o consumo de animais. Hoje, compartilhamos um pouquinho da história de transição de Ana Laura Carmo, Eduardo Cotliarenco, Guilherme Kato e Maria Nilda Fernandes da Silveira.

Ana Laura Carmo, de Bauru (SP):

“Eu era apaixonada por carne, principalmente de porco. Até que adotei um cachorro e ele se tornou um filho para mim. De repente, parei de comer carne vermelha por vontade própria, mas não conhecia nada sobre o veganismo. Em menos de um mês decidi pesquisar sobre o assunto, assisti um vídeo chamado ‘101 Razões para Tornar-se Vegano” e pronto. Tudo fez sentido, quem dera eu tivesse assistido antes! Comecei a participar de grupos veganos no Facebook e fiz tantas amizades. A única coisa que me arrependo é de não ter conhecido o veganismo antes.”

Eduardo Cotliarenco, de Porto Alegre (RS):

“Eu larguei a necrofagia há 11 anos e fui ovolactovegetariano por cinco anos. Agora tenho seis de veganismo pelos animais e pela natureza. Tudo graças ao documentário ‘A Carne é Fraca’. Grande Nina Rosa!”

Guilherme Kato, do Rio de Janeiro (RJ):

“Sempre gostei de bichos, mas cresci naquela tradição de comer tudo o que fosse oferecido. No entanto, quando eu tinha quatro ou cinco anos, ia muito em um sítio onde meu pai crescera. Adorava ir lá ver os coelhos e os porcos que eram criados (eu nem imaginava) para o abate. Um dia estava brincando perto dos porcos e chegou um funcionário do sítio. Ele apontou o leitãozinho e disse, muito animado: ‘Esse daí vai virar almoço amanhã!’ Passei anos sem conseguir comer carne de porco. Não comia feijoada, não comia linguiça nos churrascos, não comia carré, presunto, o que fosse. Levava broncas e diziam que eu era fresco e etc.

Aos poucos, depois da adolescência, voltei a comer de tudo, inclusive porcos. Mas a vida inteira algo me incomodava. Eu lutava contra isso. Cheguei a me tornar um terrorista de vegetarianos. Era muito mau…até que em 2010 passei dois meses na China. Quando voltei, decidi que não poderia continuar comendo os bichos que eu tanto amava. Sofri horrores pensando em todo o sofrimento que eu tinha causado durante tantos anos. Comecei a estudar o impacto do veganismo e, um dia, simplesmente parei completamente de consumir produtos de origem animal. Dei roupas e sapatos, mudei os cosméticos e produtos da cozinha. Aprendi novas receitas e as pessoas ainda se espantam como eu mudei de um ávido consumidor de carne para um vegano, de um dia para o outro.”

Maria Nilda Fernandes da Silveira, de Restinga Sêca (RS):

“Uma pessoa me presenteou com um pote repleto de ‘frango caipira’. Comi, mas senti um gosto demasiado forte. Então ela me revelou que se tratava de um tatu, que seu marido havia caçado. Fiquei muito chateada, pois ela sabia que eu abomino a caça, e que me sentia mal com essa atitude. Na semana seguinte, a pessoa me convidou para uma festa de aniversário em sua casa e, como protesto, não fui, mas meu marido foi em nome da ‘amizade’. Nesse dia, coloquei um vídeo para assistir “A Viagem”, com o ator Tom Hanks e direção de Tom Tykwer e Lana e Lily Wachowski. Curiosamente o filme me tocou de tal maneira que moveu algo dentro de mim. Nunca mais comi nenhum tipo de carne.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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