Como me tornei vegano ou vegetariano? – Parte IV

Juliano de la Cruz, Loh Fernandes, Sílvio Vieira e Virgínia Rowlands (Fotos: Arquivo Pessoal)

Na série “Como me tornei vegano ou vegetariano?”, o VEGAZETA traz depoimentos de pessoas de várias regiões do Brasil, e também de fora do país, que se tornaram veganas, vegetarianas ou que abdicaram do consumo de carnes. O que será que motivou essa mudança? Uma experiência, uma história, um documentário, um filme, um artigo, um livro? Há muitas formas de alguém repensar o consumo de animais. Hoje, compartilhamos um pouquinho da história de transição de Juliano de la Cruz, Loh Fernandes, Sílvio Vieira e Virgínia Rowlands.

Juliano de la Cruz, de Bauru (SP):

“Eu trabalhava como atendente em um órgão público, fazendo inclusão digital de pessoas em sites de serviços públicos. Certa vez, terminei um atendimento e, após o cidadão deixar a mesa, fiquei com o olhar perdido, em direção à tela, aberta no site do Ibama. No fundo desse site, as imagens são trocadas de pouco em pouco tempo e, naquele momento, apareceu um ‘porquinho’. Era um cateto (porco-do-mato) e comecei a refletir: Esse que é o tal do cateto, que o meu amigo Mauro havia me falado. Em uma ocasião, ele me levou pra mata fria do sítio em que morava, pra mostrar como caçava. Disse que pegava cutia, tatu, paca e cateto. Mas esse bicho é lindo! Por que ele faz isso? Mas e eu, por que como o porco e outros bichos, que também são lindos assim? Por que os mato? Por que faço parte? Quem me mandou fazer? Quem disse que é o certo? Daquele dia em diante, parei com a carne vermelha, e em duas semanas não comia mais nenhuma. Em dois meses paramos de comprar leite e ovos.”

Loh Fernandes, de Belo Horizonte (MG):

“Assisti ‘Terráqueos’ e fiquei chocada, mas só fui me tornar ovolactovegetariana uns dois anos depois de assistir ao documentário. Basicamente, eu já simpatizava com a causa, mas não mudava meus hábitos por medo de adoecer, até que em novembro de 2016 parei de comer carne.”

Sílvio Vieira, de Itajubá (MG):

“Eu resgatava e cuidava de cães abandonados, e há três anos e meio fiz a conexão: Se salvo um por que como o outro? Desde então parei com a carne. Hoje tenho 170 animais de várias espécies no meu sítio.”

Virgínia Rowlands, de São Paulo (SP):

“Um dia, quando eu tinha 18 anos, hoje tenho 53, cheguei para almoçar com minha mãe. Era um domingo. Ela tinha feito arroz, salada e um bolo de batata, que hoje poderíamos chamar de escondido de carne. Me lembro como se fosse hoje. Olhei para a carne moída e por uma razão que não sei explicar, pensei no boi. Lembrei que era uma vida. Refleti na tristeza que havia em meu prato, na falta de respeito a um animal reduzido a pequenas “bolinhas”. Pensei na vida que ele poderia ter tido e no caráter desumano, de comer sem culpa, aquele animal. Nunca mais comi animais. Há 35 anos respeito todas as vidas.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Uma resposta

  1. Marcus Borelli
    [email protected]

    Tudo começou em 1977 quando decidi parar de comer carne de boi e de porco. Estava estudando no antigo segundo grau e tinha um colega que era judeu libanês que passou a dividir comigo um pão francês com queijo prato que comprávamos na padaria perto do nosso colégio. Eu gostava muito de não comer mais boi e porco, mas continuava a comer de vez em quando frango e peixe. Passaram alguns anos e resolvi não comer mais carne alguma e fiquei assim por dois anos. Mas não me lembro bem porque e voltei a comer frango e peixe. Assim os anos foram passando e descobri a comida japonesa. Que tentação! Comecei a comer cada vez mais salmão. E os anos foram passando.

    Um belo dia, depois de muita informação, percebi que não podia comer mais nenhum tipo de carne, pois senão não seria um vegetariano de fato. E aí, todo orgulhoso, me tornei um vegetariano e dizia aos quatro ventos que não comia cadáver. E o tempo foi passando.

    Como gosto muito de limpeza lavo as mãos várias vezes por dia e gostava muito de lavá-las com um sabão em pedra glicerinado que
    deixava as minhas mãos limpinhas e macias. Até que um dia, por curiosidade, fui ler a embalagem e ver os ingredientes do sabão em
    pedra. Estava lá feito com “sebo bovino”. Na hora a minha reação foi de surpresa e indignação, como é que pode usar sebo de boi para fazer um sabão?

    Para terminar esta breve história resolvi ir numa loja aqui perto de casa que vende material de limpeza e fui pesquisar a fórmula dos
    sabões em pedra. Todos usam sebo, com exceção do sabão de coco. Ainda vou confirmar com o fabricante do sabão de coco mas nunca mais uso sabão em pedra feito de sebo.

    Moral da história, o que é que adianta não comer cadáver se lavamos as mãos com sabão feito de sebo bovino? Fica aqui a pergunta

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