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Covid-19 é prova de que a saúde depende da preservação da natureza

Covid-19 chamou a atenção para o impacto que o desmatamento pode ter no surgimento de doenças zoonóticas (Foto: João Laet/Getty)

Quem tem acompanhado nos últimos meses o posicionamento de especialistas sobre o novo coronavírus, já deve ter percebido que não há como não associar o surgimento das mais recentes doenças zoonóticas ao impacto que o ser humano vem causando ao meio ambiente.

Afinal, para que um animal contamine um ser humano, é preciso que haja algum tipo de contato, e hoje, mais do que nunca, esse contato tem sido favorecido pela interferência humana na natureza. Logo não é difícil concluir que a covid-19 é mais uma prova de que a nossa saúde, assim como de outras espécies, depende da preservação da natureza.

Ontem (22), quando foi celebrado o Dia Internacional da Biodiversidade, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou esse pensamento, já defendido por tantos cientistas nos últimos meses, ao dizer em um vídeo disponibilizado pelas Nações Unidas que “à medida que invadimos a natureza e esgotamos habitats vitais, um número crescente de espécies está em risco, incluindo a humanidade e o futuro que queremos”.

Guterres defendeu que não há outro caminho que não passe pela necessidade de priorizar o desenvolvimento sustentável. “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. É assim que protegeremos a saúde e o bem-estar das próximas gerações.”

Agropecuária favorece zoonoses

Na atualidade, com a agropecuária já ocupando 77% das áreas agricultáveis do mundo, há uma demanda por novos espaços naturais a serem desmatados para serem convertidos em pastagens e áreas agrícolas para produção de ração para animais que serão abatidos para consumo.

Com isso, os habitantes desses espaços, que são os animais silvestres, têm o seu ciclo de vida alterado e se veem obrigados a terem mais contato com outras espécies com as quais não teriam nenhum tipo de proximidade em uma situação natural livre da intervenção humana.

Isso é o suficiente para que patógenos que, em condições naturais, não seriam transferidos a outras espécies, já que é comum animais acumulá-los sem que isso se transforme em doenças ou mesmo um problema, acabem por transferi-los para outros animais em condições de infectar seres humanos.

Para entender melhor o assunto, clique aqui e aqui.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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