Criador do “couro de cacto” é premiado nos EUA

Pioneiros como Adriano Di Marti mostram o quanto o mundo da moda cresceu, literalmente”, diz a vice-presidente executiva da PETA, Tracy Reiman (Fotos: Desserto/Divulgação)

O criador de uma alternativa ao couro à base de folhas de cacto, Adriano Di Marti, fundador da mexicana Desserto, foi premiado neste mês de março nos EUA pela organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA).

“Com o couro vegano – feito com frutas e fungos a kombucha e cactos – pioneiros como Adriano Di Marti mostram o quanto o mundo da moda cresceu, literalmente”, disse a vice-presidente executiva da PETA, Tracy Reiman, na terça-feira (16). “O Prêmio Negócios Compassivos celebra o couro da Desserto que desafia a falsa ideia de que as vacas são commodities.”

Segundo a entidade, o couro de pera espinhosa atende à crescente demanda por couro vegano ecológico. Exemplo disso é o fato de que hoje (18) a gigante da moda H&M está lançando uma coleção com proposta sustentável que inclui o “couro de cacto” Desserto.

A produção de alternativas é de grande importância porque a indústria de couro contribui com a matança de pelo menos um bilhão de animais por ano, de acordo com a PETA.

“Transformar peles de animais em couro requer o uso de 130 produtos químicos diferentes – incluindo cianeto – e a produção de couro produz grandes quantidades de emissões de carbono que contribuem com as mudanças climáticas.”

Produção da matéria-prima

Adriano Di Marti conta que a matéria-prima que dá origem ao couro vegano são as folhas maduras dos cactos cultivados em uma fazenda no estado de Zacatecas, no México.

Lá, segundo ele, selecionam apenas as folhas sem danificar o cacto. “A cada seis a oito semanas, fazemos uma nova colheita”, informa.

Di Marti explica que não é necessário gastar muita água porque a produção não necessita de irrigação, já que o cacto cresce com a água da chuva e com os nutrientes da terra que já são ricos em minerais.

“O cacto selecionado é muito resistente e forte, pode lidar com baixas temperaturas durante o inverno sem morrer e seus espinhos são muito pequenos, então é mais fácil e seguro para nossa equipe colher.”

Além disso, o cacto é uma cultura perene, o que significa que após o plantio pode ser colhido por oito anos.

“A espécie de cacto que cultivamos é nativa e típica da região, é uma planta CAM (Crassulacean Acid Metabolism). Seu metabolismo protege a água e não opera durante o dia gerando clorofila como a maioria das plantas. O cacto absorve CO2 durante a noite, porque somente quando o ambiente é fresco a planta abre seu estoma capturando dióxido de carbono, gerando oxigênio e absorvendo a água presente na atmosfera que normalmente vem do orvalho matinal.”

Mais práticas sustentáveis

Di Marti explica também que na fazenda não é derrubada nenhuma árvore, e que as plantações de cactos nativos combinam com a biodiversidade e se misturam à flora.

“Sendo a nossa plantação totalmente orgânica, não há prejuízo à biodiversidade. Nossas técnicas naturais estimulam a microflora e a microfauna que se mantém sem danos.”

Na fazenda, após o corte, as folhas maduras são colocadas para secar por três dias até atingirem os níveis ideais para a produção do couro vegano.

“Não há energia adicional usada nesse processo de secagem. Em seguida, processamos a matéria-prima orgânica para torná-la parte de nossa fórmula patenteada que nos permite fazer o Desserto”, garante Adriano Di Marti.

“Observe que a fazenda é totalmente orgânica. Não são usados ​​herbicidas nem pesticidas. Todo o material orgânico restante do cacto não utilizado em nosso processo é vendido à indústria alimentícia.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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