Dê uma chance ao vegetarianismo ou ao veganismo

Documentários que podem mudar a percepção de como nos relacionamos com os animais (Imagens: Reprodução)

Te convido a assistir aos documentários Terráqueos (Earthlings)Cowspiracy – O Segredo da Sustentabilidade, Especismo (Speciesism), Reino Pacífico (Peaceable Kingdom) e Garfos em vez de Facas (Forks Over Knives). Muitas pessoas evitam assistir esses documentários porque isso significa sair da zona de conforto e confrontar a realidade que envolve a produção de alimentos de origem animal. Sim, alimentos de origem animal costumam envolver privação, dor e morte.

Inclusive quando alguém fala em bem-estarismo animalista encaro isso como um cultural equívoco, já que por “melhores” que sejam as condições oferecidas aos animais, isso não anula o fato de que mais cedo ou mais tarde eles serão separados de suas famílias, levados à exaustão e sacrificados.

A verdade é que até ingredientes que normalmente passam batido nos rótulos das embalagens materializam frações de privação e sofrimento. Nem mesmo a produção de mel não deixa de ser uma forma de exploração e arbitrariedade; até porque a abelha não fabrica e nunca fabricou mel para nós – mas sim para elas mesmas. Afinal, o mel é uma essencial fonte de alimento e de nutrientes essenciais para as abelhas, e torna-se mais importante ainda quando são incapazes de sair para buscar mais néctar e pólen, o que é muito comum em períodos de frio, escassez de floradas ou outros tipos de adversidades climáticas.

Logo é justo dizer que há uma cultura de séculos que tende a romantizar o que na realidade não tem nada de belo. É sempre chocante reconhecer como a indústria alimentícia explora o máximo que pode dos animais. Só pra citar um exemplo, é possível encontrar derivados de leite até mesmo em adoçantes à base de stevia em pó. O mais intrigante é que isso é desnecessário; e a inclusão talvez tenha mais a ver com as facilidades e o barateamento do processo de produção. No final, porém, quem paga mais caro não são os seres humanos, mas sim a vaca e o bezerro.

Há muito tempo, somos bombardeados com propagandas que vendem a ideia de que somos incapazes de sobreviver sem alimentos de origem animal. Certo! Então o que dizer de povos que nunca se alimentaram de animais, chegando a viver mais de 100 anos? Entrevistei há alguns anos um senhor vegetariano que à época tinha 95 anos e, não, ele não morava em nenhuma aldeia. Vivia na área urbana, mas optou por se tornar vegetariano em 1925, aos oito anos de idade.

O que vemos o tempo todo são criações de ofertas desnecessárias e falsas demandas motivadas pela ganância. Como achar normal a criação de 70 bilhões de animais terrestres visando consumo, sendo que temos uma população mundial de 7,6 bilhões de pessoas? Para que tudo isso? Ainda mais ponderando que em menor ou maior proporção esses animais passarão por privação ou sofrimento.

Ademais, a pecuária tem contribuído com o aquecimento global, inclusive sendo apontada como uma das principais causas do desmatamento da Amazônia. Há inúmeros documentários e publicações acadêmicas sobre isso. De acordo com a diretora executiva da ONG Food & Watch, Wenonah Hauter, quem beneficia e faz lobby para este sistema são os maiores produtores de alimentos, que também são os maiores produtores de carne.

Quando suas empresas crescem e eles enriquecem, normalmente usam o poder político que possuem para ditar as políticas federais quanto à produção de alimentos. Ou seja, tudo que as pessoas consomem de origem animal não é consequência de reais necessidades, mas sim de investimentos massivos em propaganda. Desde o princípio do século 20, isso tem sido feito de forma muito bem elaborada, para que as pessoas acreditem que não há outro caminho, quando na realidade essa mudança depende apenas de um pouco de esforço e de vontade de lutar por um mundo melhor.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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