Dia internacional dos Direitos Animais também é para refletir sobre exploração e consumo

Foto: Andrew Skowron

Ao dizer que esta sexta-feira (10) é o Dia Internacional dos Direitos Animais, muitas pessoas logo pensarão em cães e gatos, e talvez também em abandono e maus-tratos.

Embora este seja um problema sério, já que só no Brasil a OMS estima que há mais de 30 milhões de cães e gatos nas ruas, quando falamos em animais devemos entender que se pensamos somente em cães e gatos excluímos muitas outras espécies que dependem de nossa consideração.

Direitos animais, defesa animal e proteção animal são termos que dizem respeito às espécies não humanas, portanto, é importante reconhecer que a preocupação deve ser o menos limitante possível – incluindo todas aquelas que são submetidas a maus-tratos, violência, privação, sofrimento e morte.

E não é esta a realidade dos animais que usamos para consumo, entretenimento ou qualquer outra finalidade voltada aos interesses humanos ao mesmo tempo em que há desconsideração pelos interesses não humanos?

Se excluímos a maior parte dos animais de nossa preocupação moral, é adequado dizer que lutamos pelos direitos animais? Não seriam direitos de poucas espécies de animais?

Avanço dos direitos animais 

Como refletir sobre esta data sem associá-la ao fato de que a maior parte dos animais criados pela humanidade são para consumo, logo isentos de direitos? Alguém dirá que um animal criado para o abate ou que terá este como destino final quando for conveniente gozou de direitos? Uma criatura subjugada a fins econômicos desde o princípio.

O direito mais básico que deve ser assegurado a qualquer criatura senciente é o de não ser submetida à exploração, sofrimento e morte em nosso benefício. Isso também significa não trazê-la ao mundo para tal fim.

Hoje (10), Dia Internacional dos Direitos Animais, o número de violência institucionalizada contra os animais continua sendo extremamente elevado e, quando pouco consideramos esta questão, que tipo de melhora podemos esperar?

Não tenho dúvida de que o avanço dos direitos animais depende de nossa dedicação em fazer o máximo possível em oposição ao uso e abuso de animais. Não podemos esperar grandes mudanças em prol dos animais se não fazemos o mínimo que está ao nosso alcance.

Se temos hábitos que são prejudiciais às outras espécies e podemos substituí-los por outros que não causem mal, por que não fazer uma transição? Por que não mudar?

Mais empatia e respeito

Um mundo de mais empatia, de mais respeito pelo que não é humano é também um mundo mais civilizado, e toda forma de rejeição à violência desnecessária é sinal de um aperfeiçoamento moral, de maior atribuição de valor à vida. Afinal, não é mais correto não causar mal a alguém do que causá-lo?

E quando somos negligentes ou agimos com indiferença em relação a isso, não apenas não contribuímos para mudar essa realidade como favorecemos o aumento da negação de direitos aos animais.

Em um mundo com população crescente, quanto mais nos negamos a reconhecer o impacto de nossas ações, mais contribuímos para sua intensificação. Mas sempre temos condições de fazer o oposto, bastando querer.

Gosta do trabalho da Vegazeta? Colabore realizando uma doação de qualquer valor clicando no botão abaixo: 




Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *