Dieta à base de vegetais é recomendada em tratamento de dependência química  

De acordo com um estudo publicado no American Journal of Lifestyle Medicine, por pesquisadores da Universidade do Norte do Arizona e da Universidade Loma Linda, uma dieta à base de alimentos vegetais integrais (WFPBD na sigla em inglês) é recomendada para quem está em tratamento de transtorno por uso de substância (dependência química).

A conclusão é baseada em um acompanhamento de 33 pessoas que lidam com vícios em álcool, cocaína, metanfetamina e opioides em um centro de reabilitação em Austin, no Texas.

“O objetivo do estudo foi determinar a eficácia de uma dieta à base de alimentos vegetais integrais para melhorar os resultados de recuperação precoce em um programa de tratamento de transtorno por uso de substância”, frisa a publicação.

“Não houve casos em que a dieta à base de alimentos vegetais integrais teve um efeito negativo sobre os participantes. Além disso, quaisquer diferenças significativas entre os grupos são a favor da dieta à base de alimentos vegetais integrais.”

Segundo o estudo, o grupo de intervenção, que seguiu a dieta sem alimentos de origem animal, ainda manteve seus padrões de alimentação saudável em maior grau do que o grupo de controle.

“A correlação entre a qualidade da dieta e a resiliência é notável e, se essa conexão fosse replicada em estudos futuros, poderia (e sem dúvida deveria) influenciar o valor atribuído à nutrição no contexto do tratamento de transtornos de saúde mental. Mais pesquisas são necessárias para entender essa relação e até que ponto ela afeta os resultados da recuperação longitudinalmente.”

Os relatos também sugerem que, no nível da perspectiva individual, a dieta à base de alimentos vegetais integrais leva a uma maior profundidade no estabelecimento de uma relação positiva e significativa com a comida no contexto de recuperação – oferecendo a oportunidade de experimentar maior autoestima e resiliência.

“Pesquisas futuras devem incluir mais participantes e acompanhamento estendido para avaliar os efeitos a longo prazo da dieta e educação nutricional no tratamento de transtorno por uso de substância.”

O estudo aponta ainda que deficiências nutricionais são típicas em pessoas que iniciam esse tipo de tratamento. “Tais deficiências inibem criticamente a saúde física e mental, reduzindo assim a probabilidade de recuperação total para uma vida sóbria e saudável. Por exemplo, estudos mostraram que pessoas que sofrem desse transtorno consomem menos frutas e outros vegetais e mais doces e sobremesas.”

Pessoas com dependência de opiáceos geralmente têm dietas ruins e sofrem de sobrepeso e obesidade, com deficiências nutricionais que impedem a capacidade do corpo de digerir carboidratos, conforme o estudo.

Por outro lado, o uso intensivo de cocaína e heroína está associado à perda excessiva de peso. “Além disso, os transtornos do humor frequentemente ocorrem concomitantemente ao tratamento e as deficiências nutricionais influenciam o desenvolvimento de transtornos de humor e dificultam o tratamento. Mesmo com a importância da nutrição, geralmente há pouco ou nenhum suporte nutricional durante o tratamento.”

Um estudo de 2004 pesquisou mais de 100 instalações de tratamento para transtorno de uso de substância em sua prestação de serviços de nutrição e descobriu que quando a educação nutricional era oferecida as pontuações dos pacientes do Índice de Gravidade de Dependência psiquiátrica e médica melhoraram em 68% e 56%.

Um estudo de 2008 mostrou ainda mais a importância das intervenções nutricionais no tratamento, descobrindo que os homens em recuperação precoce geralmente apresentam comportamentos alimentares disfuncionais, como compulsão alimentar, e usam alimentos para satisfazer os desejos também pelo uso de algumas substâncias.

Em 2013, os mesmos autores descobriram que quando as pessoas em centros de reabilitação recebiam educação nutricional juntamente com opções de alimentos mais saudáveis, os participantes relataram maior ingestão de frutas e outros vegetais.

O estudo publicado no American Journal of Lifestyle Medicine, alerta que os distúrbios do uso de substâncias aumentam o risco de doença hepática, doença cardiovascular, diabetes, doença pulmonar, função imunológica mais baixa, depressão e aumento geral da mortalidade.

“Uma dieta à base de alimentos vegetais integrais demonstrou melhora para todas essas condições. É lógico que essa dieta seria, portanto, benéfica para pessoas em tratamento para transtorno de uso de substância, mas isso ainda não foi estudado.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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