Arte em defesa da vida: animais não são produtos

Eles são sencientes, sentem dor, medo e alegria como nós, e merecem suas vidas assim como merecemos as nossas” (Artes: Dina Appel)

Dina Farris Appel é uma artista vegana do litoral da Califórnia, nos Estados Unidos, que na infância começou a se interessar pela natureza e pelos animais, principalmente marinhos. Com 15 anos, criou suas primeiras ilustrações comerciais. Mais tarde, graduou-se em desenho e pintura e concluiu um mestrado em arteterapia pela Escola do Instituto de Arte de Chicago.

Mas o que mais teve impacto na vida de Dina foi o reconhecimento de que não devemos explorar os animais apenas porque queremos e julgamos que podemos. Como alguém que identificou-se com o veganismo, ela admite que encarar a realidade de frente em relação aos nossos hábitos de consumo foi um exercício revelador que a transformou em uma artivista.

“Fiquei horrorizada e comovida por essa experiência e tive uma profunda compreensão de que os animais não são nossos para fazermos o que quisermos. Eles são sencientes, sentem dor, medo e alegria como nós, e merecem suas vidas assim como merecemos as nossas”, diz.

E acrescenta: “Ao longo dos meses e anos que se seguiram, à medida que aprendia mais e mais sobre o tratamento de animais domésticos e selvagens, tornou-se evidente que eu precisava pintar animais! Essas pinturas refletem minha abordagem atual do nosso relacionamento com os animais.”

Dina é mestre em aquarela, mas se identifica mais com acrílico, e o que chama atenção em inúmeras de suas obras são as cores vibrantes e as nuances que traduzem a essência vívida e genuína dos animais, ainda que a ignoremos.

Em cada trabalho da artista os animais parecem perscrutar o espectador ou incitar algum tipo de chamamento à empatia. Há também um caráter difuso, de diluição das nossas certezas que reverberam as incertezas de cada personagem que vive e existe à mercê das nossas vontades culturais e sociais.

Dina Appel também oferta mensagens simples e diretas – como a rejeição à ideia de que o leite de vaca deve ser consumido por alguém que não seja um bezerro; o antagonismo à associação de um ser sociável como o porco com meros pedaços de bacon – como se suas vidas valessem apenas fragmentos de gorduras subcutâneas extraídas de suas barrigas ou traseiros.

Em outra de suas pinturas, em referência ao Dia de Los Muertos, que equivale ao nosso Dia de Finados, Dina apresenta um bezerro com o rosto decorado conforme a tradição de origem indígena que marca a data, mas com o diferencial de que ele aspira à vida. Ainda assim, uma lembrança de que embora vivo ele já está marcado pela morte, já que sua existência chega ao fim precocemente na indústria de laticínios, onde é considerado descartável. Além disso, nos olhos ternos e brilhantes do animal é possível ver seu algoz.

Em um manifesto pela libertação animal, ela sugere a libertação de todos os animais que confinamos e subjugamos às nossas vontades. Dina transmite essas mensagens a partir de construções texturizadas vintage, simbólicas, pontuais e brilhosas. Animais silvestres, domésticos e domesticados – todos merecem nossa consideração na ótica da artista que tem usado o seu dom para arrecadar dinheiro para instituições em defesa dos animais.

“Realmente acredito que a raiz de todo mal é a crença de que uma vida é mais valiosa do que a outra”, destaca Dina Appel.

Conheça um pouco mais o trabalho da artista:

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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