Dirk Verbeuren: “Não gosto de como os animais são tratados”

“Não acho que qualquer animal deva ser tratado da forma como eles são tratados pela indústria” (Fotos: Andrew Skowron/Getty)

O belga Dirk Verbeuren, que foi baterista da banda sueca de death metal melódico Soilwork, com quem gravou cinco álbuns e um EP entre os anos de 2005 e 2015, ingressou no Megadeth em 2016, a convite do vocalista e guitarrista Dave Mustaine. Embora seja conhecido no cenário do metal, muita gente não sabe que Verbeuren não consome animais e tem uma banda que também aborda os direitos animais.

Em entrevista a Tarja Virmakari, do Metal Shock Finland, o baterista contou que decidiu fundar o projeto de grindcore Bent Sea em 2011 como um veículo de divulgação de suas ideias sociopolíticas, incluindo os direitos animais e a defesa do meio ambiente. Sua iniciativa foi influenciada por bandas que o marcaram na adolescência, como Napalm Death, D.R.I. e Extreme Noise Terror.

“Sou vegetariano porque não gosto da forma como a carne é produzida e como a maioria dos animais são tratados neste planeta. É uma causa em que acredito e é disso que falo na música ‘Dead Meat’ [que faz parte do EP Nostalgia, de 2011]. Todo mundo pode comer o que bem entender, mas talvez eu possa inspirar algumas pessoas a pensarem sobre algumas dessas questões”, justificou. O EP é baseado principalmente em críticas ao impacto no meio ambiente.

Logo no início, o Bent Sea contou com a participação do vocalista belga Sven de Caluwe, da banda Aborted, e do multi-instrumentista canadense Devin Townsend. Depois o baixista britânico Shane Embury, do Napalm Death, também ingressou no projeto de grindcore.

Verbeuren gravou com o Bent Sea os splits “Double Penetration”, em parceria com o Torture Division em 2013; “Animalist”, com o Usurpress em 2014; e “Ascend”, com o To Dust em 2016, além do single “Partners in Grind” e “Instagrind”, de 2020.

“É muito fácil fechar os olhos”

Em entrevista publicada em 6 de março de 2013, Dirk Verbeuren afirmou a Dane Prokofiev, da New Noise Magazine, que os oceanos estão mais ameaçados do que nunca pela poluição e pela pesca excessiva, e lamentou que aqueles que estão no poder não estão tomando as medidas necessárias para preservar o equilíbrio dos oceanos. O músico acreditava que havia regulamentações e leis para proteger o mar aberto.

Ele sugere que as pessoas assistam ao filme “Shark Water”, do canadense Rob Stewart, lançado em 2006. A obra mostra o quão visceralmente diferente e deprimente é a realidade dos oceanos e de espécies marinhas como os tubarões – afetados pela ganância humana.

“O oceano é um lugar onde as pessoas pegam tudo que querem sem assumir qualquer responsabilidade. É muito fácil fechar os olhos para algo que não faz parte de nosso cotidiano. Mas todos podemos dar pequenos passos para fazer uma enorme diferença. Por exemplo, boicotando as empresas envolvidas nisso”, recomenda.

Fatos como esse tiveram tanto impacto na consciência de Verbeuren e dos outros integrantes da banda sueca Soilwork que em 2013 eles lançaram o álbum “The Living Infinite”, que aborda a importância da vida marinha.

“Ecoa a vastidão e a riqueza da nossa principal fonte de inspiração – o oceano”, declarou a Alexandra Furnea, da Maximum Rock em entrevista publicada em 4 de março de 2013. O músico belga admite que se sente na obrigação de conscientizar as pessoas sobre a importância de proteger os oceanos, um mundo subaquático ainda pouco conhecido pela humanidade.

“É muito fácil encontrar comida vegetariana”

“Felizmente as pessoas estão percebendo que se o frágil equilíbrio dos ecossistemas subaquáticos for destruído, a vida humana na Terra se tornará impossível”, disse à Maximum Rock. Em entrevista a Susan da Metal Storm, publicada em 7 de abril de 2013, Dirk Verbeuren, que vive em Los Angeles, nos Estados Unidos, confidenciou que para ele hoje é muito fácil encontrar comida vegetariana.

“Em Los Angeles, há toneladas de comida vegetariana. Amo comida tailandesa, coisas com arroz, talharim e muitos vegetais. Amo o sabor tailandês com coco. Também aprendi a apreciar a comida mexicana vivendo na Califórnia”, revelou.

Em um vídeo lançado pela organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA) em 8 de agosto de 2013, Verbeuren aparece sorrindo e empolgado ao falar sobre vegetarianismo.

“Eu tinha quatro ou cinco anos, e acidentalmente matei uma mosca e comecei a chorar. Fiquei muito triste por tê-la matado, então acredito que sempre tive compaixão pelos animais. Não acho que qualquer animal deva ser tratado da forma como eles são tratados pela indústria. Então eu não poderia continuar fazendo parte disso. Cada criatura viva tem o direito de ser tratada eticamente”, argumentou.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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