Disco contra a exploração animal era lançado há 34 anos

Há 34 anos era lançado o disco “Animal Liberation”, considerado o primeiro dedicado aos direitos animais e ao combate à exploração animal para diversos fins. O projeto que contou com a participação de inúmeros artistas foi liderado por Al Jourgensen, da banda de metal industrial Ministry.

O trabalho chamou a atenção em 1987 porque até então composições musicais com caráter beneficente surgiam somente em prol de causas humanitárias. Um exemplo clássico e popular é a música “We Are the World”, escrita por Michael Jackson e Lionel Richie em 1985.

Depois de refletir a respeito, Dan Mathews, então diretor de divulgação da organização Pessoas Pelo Tratamento Étnico dos Animais (PETA), conheceu Al Jourgensen, que já era diretor da Wax Trax! Records, e pediu sua opinião sobre a ideia de um disco dedicado à causa animal.

“Vá em frente!”, disse Jourgensen que se ofereceu para produzi-lo, de acordo com matéria de Tom Popson, publicada no Chicago Tribune em 7 de novembro de 1986.

Inspiração em Siouxsie & the Banshees

A inspiração para “Animal Liberation” veio com a música “Skin”, lançada em 1980 pela banda britânica Siouxsie & the Banshees. A composição fala sobre a realidade da indústria de peles. “Pensei: ‘Isso tem efeito!’”, declarou Mathews.

Depois de um ano de contato com bandas e artistas em carreira solo, o trabalho ganhou corpo com uma forte proposta baseada no mote: “Os animais não são nossos para comermos, usarmos e fazermos experimentos”.

Segundo Dan Mathews, muitos artistas e grupos entraram em contato querendo contribuir de alguma forma, porém, queriam doar músicas com outra temática. “Como suas músicas não falavam diretamente dos direitos animais, realmente não podíamos aceitá-las”, justificou e acrescentou que a PETA visava tanto a arrecadação de recursos quanto a conscientização do público.

Criticando a vivissecção, indústria de peles, indústria da carne e a caça, Nina Hagen, Lene Lovich, Attrition, Chris & Cosey, Colour Field, Luc Van Acker, Shriekback, Captain Sensible e Howard Jones doaram não apenas tempo e criatividade, mas também disponibilizaram seus próprios estúdios de gravação para a realização do projeto. Enquanto “Hunter”, de Van Acker critica a caça, Hagen e Lovich abordam os testes em animais e a redução de animais à comida.

Disco ganhou bônus do The Smiths

O que agradou bastante em relação ao disco, segundo os idealizadores, é que houve uma preocupação em não parecer hostil nas letras e na temática, o que permitiu que “Animal Liberation” conquistasse bastante aceitação entre pessoas que não eram nem vegetarianas.

“Nina e Lene têm uma canção muito otimista, muito vigorosa. Acho que é a música mais pop que elas fizeram. E não é algo que pareça como uma lição de moral. […] As pessoas podem tirar suas próprias conclusões”, declarou Mathews ao Chicago Tribune.

Embora Al Jourgensen, do Ministry, não toque no disco, ele fez as transições entre as músicas, além de ter criado os clipes de notícias e incluído citações que visavam despertar reflexões. O trabalho teve a contribuição de Bill Rieflin, Ion Barker e Roland Barker.

O disco também foi lançado com uma música bônus e ao vivo – “The Meat is Murder”, do The Smiths. Todo o dinheiro arrecadado com a venda do disco foi usado na produção e circulação de material para conscientização sobre os direitos animais.

Faixas do disco “Animal Liberation”

Al Jourgensen – “International Introduction” (1:36)

Nina Hagen / Lene Lovich – “Don’t Kill The Animals” (Rescue Version) (6:36)

Al Jourgensen – “Civil Disobedience Is Civil Defence” (0:58)

Attrition – “Monkey In A Bin” (2:26)

Chris & Cosey – “Silent Cry” (3:27)

Al Jourgensen – “Lab Dialogue” (0:24)

Lene Lovich – “Supernature” (5:40)

Al Jourgensen – “Life Community” (0:49)

Colour Field – “Cruel Circus” (3:58)

Luc Van Acker – “Hunter” (3:31)

Shriekback – “Hanging Fire” (3:00)

Captain Sensible – “Wot? No Meat!” (3:11)

Al Jourgensen – “Meat Farmer” (0:28)

Howard Jones – “Assault And Battery” (4:50)

Bônus – The Smiths – “Meat is Murder” (5:53)

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *