Documentário denuncia crueldade por trás do bacon

Pete concluiu as investigações, pediu demissão e o conteúdo registrado deu origem a um processo que ganhou visibilidade nacional (Imagens: Divulgação)

Lançado em 2009, “Death on a Factory Farm” de Sarah Teale e Tom Simon, conta a história de um ativista que se infiltra em uma fazenda de criação de porcos para registrar a violência contra os animais. Um dia a Humane Farming Association (HFA) recebeu uma denúncia de que animais estavam sendo espancados, enforcados com correntes e estrangulados até a morte na fazenda Wiles no condado de Wayne, nos Estados Unidos.

Então chamaram Pete para conseguir um trabalho na Wiles e registrar com uma câmera escondida tudo que acontecia lá dentro. Ao longo de seis semanas, o ativista, que já tinha experiência em se infiltrar em fazendas, fez um longo registro audiovisual da violência contra os animais.

Pete não apenas filmou os momentos em que os porcos eram agredidos, mas também o cotidiano diário dos animais, suas expressões, reações e emoções diante de um universo minúsculo que representa tanto o princípio quanto o fim de suas curtas vidas. E esse trabalho deu origem ao documentário “Death on a Factory Farm”, veiculado pela HBO e que teve uma audiência de milhões de pessoas em 2009.

No documentário de caráter testemunhal e intimista, Pete assume a função de olhos do espectador e mostra leitões sendo arremessados como objetos contra o chão e contra a parede. Também são impedidos de ter um contato mais natural com a própria mãe.

A obra revela sob uma perspectiva sepulcral a realidade das porcas, praticamente imobilizadas dentro de suas caixas. Uma das cenas mais chocantes é a de uma porca doente sendo pendurada por uma corrente de uma empilhadeira e sufocada até a morte.

Pete concluiu as investigações, pediu demissão e o conteúdo registrado deu origem a um processo que ganhou visibilidade nacional, trazendo à tona reflexões e discussões sobre as nossas relações de consumo baseadas na violência e na morte de criaturas inocentes, vulneráveis e sencientes.

Os proprietários da fazenda tiveram de responder a dez processos criminais, assim como um funcionário que agredia os animais. No julgamento surgiram discussões que entraram não apenas no campo da legalidade, mas também da moralidade. O documentário está disponível na íntegra no YouTube.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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