Documentário questiona se é aceitável matar animais em nome da moda

Fotos: Slay/Divulgação

Custeado por meio de uma campanha de financiamento coletivo em que obteve 47% a mais do que a meta, e agora em fase final de produção, o documentário ‘Slay’ questiona se é aceitável matar animais em nome da moda.

Dirigido por Rebecca Cappelli, de “Let us be Heroes”, que mostra o que há de bom em ser vegano, e produzido por Keegan Kuhn, mais conhecido pelos documentários “Cowspiracy” e “What the Health”, o filme baseia-se em informações chocantes, como o fato de que 2,5 bilhões de animais são vítimas da indústria da moda a cada ano.

“Mantivemos as coisas quietas por três anos e agora temos o prazer de anunciar o primeiro longa-metragem documental sobre o uso de animais na moda, com foco em peles, couro e lã”, informam Cappelli e Kuhn.

No filme, a cineasta viaja por cinco continentes e constrói uma história que promete ser reveladora em relação à crueldade animal, greenwashing, rotulagens incorretas, exploração de trabalhadores e acobertamentos envolvendo as principais marcas de moda de luxo do mundo.

O documentário promete ter como diferencial não apenas apresentar o que existe de errado na moda, mas também propor soluções por meio de uma abordagem das alternativas mais viáveis e sustentáveis da atualidade.

“Slay é um filme criticamente importante e oportuno sobre o greenwashing e os segredos mais sujos da indústria da moda”, afirma Keegan Kuhn.

Rebecca conta que tiveram a sorte de começar a filmar um ano antes de pandemia em países como Austrália, Brasil, China, EUA e Índia, além do continente europeu.

“Obtivemos acesso exclusivo a filmagens dentro de fazendas de peles, curtumes, fazendas de lã e processadores de pele nesses países, e trabalhamos com uma rede de fotojornalistas e cineastas para finalizar a filmagem de forma remota.”

Além de expor a realidade da crueldade animal e o greenwashing, o filme também aborda a realidade de quem vive à mercê da indústria da moda. A trilha sonora conta com colaboradores como Moby, Kate Bush, Catnapp e Kiasmos.

“A indústria da moda tem mantido os animais longe da mente das pessoas por muito tempo. Queremos que esse filme alcance um grande público para acelerar uma mudança”, diz Rebecca Cappelli.

Um relatório do Stand.earth, antigo ForestEthics, grupo que há mais de 20 anos dedica-se à pesquisa sobre questões ambientais, aponta a relação entre couro, desmatamento no Brasil e marcas famosas.

Embora a JBS seja a maior exportadora de couro, e a empresa que tem maior associação com o desflorestamento, o problema é destacado como endêmico em toda a indústria brasileira de couro. “Não é apenas um problema que envolve a JBS”, informa o relatório.

A publicação revela que há empresas que escondem-se atrás do Leather Working Group ou de outras iniciativas que prometem maior alinhamento com a preservação ambiental. No entanto, nenhuma empresa garante cadeias de fornecimento de couro sem desmatamento.

O Brasil, que tem o maior rebanho bovino do mundo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exporta couro para China, Itália, Vietnã, Taiwan, Índia, Estados Unidos, Tailândia e Nigéria – em ordem do maior para o menor comprador do couro brasileiro (clique aqui para saber mais).

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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