É justo causar mal a um grande número de animais por alegado benefício a outros?

Foto: PETA

É justo causar mal a um grande número de animais por alegado benefício a outros? Esse mal não resulta do quanto é cômodo impor dor a animais que não podem livrar-se de sua condição subalternizada de sofrimento?

Há muitos pequenos animais considerados “vítimas ideais” de procedimentos para os quais atribui-se suposta necessidade atrelada “à fácil instrumentalização”, e também porque são criaturas que sofrem de forma “mais silenciosa” do que as usadas para outros fins.

É comum o uso da alegação de que são escolhidos animais de reações análogas às nossas. Há nisso um problema, porque se “são semelhantes a nós em alguns aspectos reacionais”, o que “mimetizaria adversidade em humanos”, isso não deveria motivar nossa oposição em submetê-los a dor?

Como suas forças de oposição não são o suficiente, é fácil subjugá-los e conter suas resistências. E o que podemos concluir sobre a prática de destinar produtos para animais não humanos que são desenvolvidos ou registrados a partir do definhamento/morte de outros?

Nisso persiste a aceitação e o excepcionalismo humano que são perpetuados pela acolhida generalizada, por um processo maquinal de seletividade que envolve aqueles que não vemos senão com um olhar de “distanciamento” e de “esquivamento”.

Além disso, a ideia da “fácil substituição” evoca representação de que a “outra vida”, submetida à utilização que é também sua destruição, “que nasce pequena, é afugentada pequena e morre pequena”, nada mais é nesse contexto do que um substrato de transição.

Ou seja, algo que existiu como parte de um processo em que sua significância também não é sobre sua individualidade, mas sobre uma “massa irreconhecida de indivíduos”, “um corpo maior”, já que a função é ser um entre tantos de um processo de violenta concretização de um fim.

Isso motiva um questionamento sobre o favorecer condicionado ao torturar. Deve ser encarado como um benefício que miniaturiza o processo contínuo de exploração e obliteração? E se resumimos ao “bem fazer”, isso significa que tudo que foi precedente é irrefutavelmente válido. De fato, é?

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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