Estudo conclui que consumo de soja não afeta níveis de testosterona ou estrogênio em homens

“A maior parte das evidências clínicas indica que nem a ingestão de soja nem de isoflavona afeta os níveis de testosterona total ou livre ou de estrogênio ou estradiol em homens” (Foto: Pixabay)

Um estudo de metanálise publicado recentemente no periódico científico Critical Reviews in Food Science and Nutrition concluiu que “a maior parte das evidências clínicas indica que nem a ingestão de soja nem de isoflavona afeta os níveis de testosterona total ou livre, ou de estrogênio ou estradiol em homens”. O trabalho foi conduzido por pesquisadores das universidades de Loma Linda, Toronto, Guelph, Minnesota, Louisiana e Alabama, entre outras.

“No geral, com base em pesquisas em adultos, as evidências não garantem a classificação das isoflavonas (ou alimentos à base de soja) como desreguladores endócrinos”, destaca o estudo.

A pesquisa lembra que isoflavonas e alimentos à base de soja têm sido investigados nos últimos 30 anos. “No início havia um entusiasmo considerável sobre o possível papel das isoflavonas na prevenção e tratamento de uma variedade de doenças crônicas. Parte desse entusiasmo se desvaneceu à medida que pesquisas publicadas subsequentemente produziram descobertas equivocadas.”

Por outro lado, cita que pesquisas sobre os benefícios da soja e das isoflavonas – com resultados muitas vezes corroborantes da eficácia – continuam a ser publicadas em uma taxa impressionante. “No entanto, as preocupações com a segurança na ingestão de isoflavonas fizeram com que esses constituintes da soja e, como resultado, os alimentos à base de soja, se tornassem controversos. Essas preocupações são, em sua maioria, baseadas em estudos com roedores.”

Consumo seguro de isoflavonas

Os autores frisam que uma avaliação abrangente da literatura clínica e observacional envolvendo a soja mostra que há poucas evidências sugerindo que as isoflavonas exerçam efeitos indesejáveis em humanos.

“Além disso, as evidências não apoiam a noção de que a exposição à isoflavona é contraindicada para sobreviventes do câncer de mama; na verdade, os dados observacionais sugerem que o oposto pode ser o caso. Também há evidências de que a soja pode reduzir o risco de desenvolver câncer endometrial.”

O estudo cita como seguro o consumo de 100 mg/dia de isoflavonas e acrescenta que consumir mais não significa que haverá danos à saúde. “Esse valor é sugerido porque não há precedente histórico para o consumo habitual superior a esse valor. Além disso, consumir 100 mg/dia de isoflavonas a partir de alimentos de soja, já requer o consumo de quatro porções diárias.”

Segundo os autores, a pesquisa não tem como objetivo apenas apresentar informações sobre o consumo seguro de soja, mas também explorar os seus potenciais benefícios. “Há evidências observacionais substanciais de que a ingestão de soja no início da vida reduz o risco posterior de desenvolver câncer de mama. [No entanto], mais pesquisas com o objetivo de avaliar essa hipótese são necessárias.”

Outra observação feita é que os dados existentes geralmente classificam como segura a ingestão de isoflavonas na infância. “Não foram observados efeitos hormonais clinicamente relevantes em jovens que consomem alimentos à base de soja ou isoflavonas. Em relação ao início da puberdade, os dados são mistos. O maior estudo para examinar esta questão, que envolveu jovens adventistas, não encontrou nenhuma relação entre a ingestão de soja e início do ciclo menstrual, embora em meninos, em um estudo, tenha havido um efeito modesto na idade com que surgiram os pelos púbicos, mas o mesmo não ocorreu em relação aos pelos faciais.”

Benefícios dos derivados de soja

O estudo “Neither soyfoods nor isoflavones warrant classification as endocrine disruptors” conclui que a realização de mais pesquisas explorando os efeitos da soja devem ser incentivadas. “Para encerrar, a conclusão desta revisão de estudos observacionais e clínicos é que nem os alimentos à base de soja nem as isoflavonas justificam a classificação como desreguladores endócrinos.”

Vale lembrar que um estudo publicado em 2020 no periódico da Associação Americana do Coração afirma que consumir tofu mais de uma vez por semana pode reduzir em até 18% o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas.

A pesquisa conduzida pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard chegou a essa conclusão após uma análise de dados de mais de 200 mil pessoas. No entanto, o coordenador da pesquisa, Qi Sun, ressaltou que é importante considerar que outros fatores também podem influenciar o desenvolvimento de doenças cardíacas – como estilo de vida e histórico familiar.

No artigo “Straight talk about soy”, publicado no site da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, a instituição destaca os benefícios da soja: “A soja é um alimento singular amplamente estudado por seus efeitos estrogênicos e antiestrogênicos no corpo. Estudos podem parecer apresentar conclusões conflitantes sobre a soja, mas isso ocorre em grande parte devido à grande variação sobre como a soja é estudada. Os resultados de recentes estudos populacionais sugerem que a soja tem um efeito benéfico ou neutro sobre várias condições de saúde.”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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