A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou ontem (5) que o secretário-geral, António Guterres, foi informado pelo governo dos Estados Unidos que o país começará a se retirar formalmente do Acordo de Paris sobre a mudança climática.
Uma nota emitida pelo porta-voz da organização confirma que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, assinou a carta. A medida entra em vigor um ano após a notificação formal da saída.
Segundo o artigo 28, parágrafo 2, do Acordo de Paris, a retirada dos Estados Unidos deverá ocorrer no dia 4 de novembro de 2020.
A notificação dos EUA é o primeiro passo do processo de um ano para a saída do país. O pacto visa reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento do planeta por meio do reforço da resposta global a esta ameaça.
Em 2017, o presidente Donald Trump anunciou a intenção de retirar os EUA do acordo, que foi assinado pelo país em 22 de abril de 2016. A ONU destaca ainda que, depois disso, “os Estados Unidos manifestaram o seu consentimento em ficar vinculados pelo Acordo mediante sua aceitação em 3 de setembro de 2016”.
A notificação de saída foi dada à ONU na data que marcou o terceiro aniversário da entrada em vigor do Acordo de Paris, que aconteceu em 4 de novembro de 2016.
Para marcar a data, a secretária executiva da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Patrícia Espinosa, disse que o pacto foi mais rápido que qualquer outro acordo internacional.
Em mensagem no Twitter, Espinosa apelou aos países que mantenham “a dinâmica do momento crucial para a ação climática global”.
A decisão do governo dos EUA veio menos de dois meses após divulgação do Relatório Especial sobre Mudanças Climáticas, Oceanos e Criosfera, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que aponta que os oceanos estão mais quentes, mais ácidos, menos produtivos e o nível do mar está aumentando 3,6 milímetros por ano – o dobro do último século.
Estes níveis podem aumentar acima de um metro até 2100 se as emissões de gás carbono continuarem a subir intensamente. Em consequência, ocorrerão eventos extremos durante o aumento de marés e tempestades fortes.
“Há indicadores de que, com qualquer grau de aquecimento global, eventos que ocorriam uma vez a cada século no passado ocorram a cada ano em diversas regiões, aumentando o risco para muitas cidades costeiras abaixo do nível do mar e regiões insulares”, alerta o relatório.