Reflexão sobre a exploração animal na Inglaterra e no Brasil

Não tenho dúvida de que o melhor caminho em contrariedade a isso é a completa abstenção do consumo de animais (Foto: Jo-Anne McArthur/We Animals)

Quero te convidar a uma breve reflexão sobre a exploração animal. Publiquei uma notícia sobre uma série de episódios de tortura praticados contra porcos em uma fazenda na Inglaterra. Sim, na Inglaterra, terra de Henry Salt, pioneiro da teoria dos direitos animais, onde surgiu o veganismo em 1944, e onde o respeito aos animais é considerado muito superior ao da maioria dos países.

Ainda assim, isso não impede que na Inglaterra ocorra violência contra os animais. Afinal, animais continuam sendo explorados, privados e mortos para atender um mercado consumidor. E toda essa demanda alavanca a objetificação e ajuda a fazer com que pessoas não vejam os animais como sujeitos de uma vida, mas somente pedaços de carne ambulante, que podem ser submetidos a qualquer tipo de violência; bastando para isso que não haja reconhecimento do valor da vida não humana nem mesmo legislação verdadeiramente favorável aos animais.

Agora vamos falar do Brasil. O Brasil é o quinto maior país do mundo, ou seja, é imenso. O Reino Unido, do qual faz parte a Inglaterra, cabe dentro do estado de São Paulo. O Brasil vive imerso em corrupção, é um país que ganhou fama internacional durante a Operação Carne Fraca como o país que “comercializa carne adulterada” e que possui alguns fiscais da superintendência agropecuária que podem ser comprados, desde que bem pagos.

Além disso, segundo o artigo “A Clandestinidade na Produção de Carne no Brasil”, de João Felippe Cury Marinho Mathias, pesquisador da Embrapa, a produção de carne de origem clandestina no Brasil pode chegar a 50%, o que significa carne sendo consumida sem inspeção, e animais sendo criados e mortos da forma que o produtor e o comprador bem entender.

Não podemos ignorar também que os últimos episódios de exportação de bovinos vivos provaram como a intervenção política pode ignorar qualquer interesse coletivo e bem-estar animal – desconsiderando o fato de animais estarem em situação lastimável e degradante, segundo registros fotográficos que podem ser consultados via Google.

Sendo assim, será mesmo que deveríamos dizer algo como: “Mas isso é fora do Brasil!” “Isso é na Inglaterra!”? Será que em um país onde o respeito à vida não é exemplar, onde há muitos matadouros clandestinos e animais criados irregularmente, a parca exposição da violência contra os animais criados para consumo não é apenas uma questão de poucas denúncias e investigações? Não tenho dúvida de que o melhor caminho em contrariedade a isso é a completa abstenção do consumo de animais. Afinal, de um modo ou de outro, a violência existe e persiste.



Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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