Gary Francione diz que veganos não devem promover carne cultivada em laboratório

“Reconheço que há pessoas da causa animal que estão muito empolgadas com a carne cultivada em laboratório e estão investindo dinheiro ou outros recursos nela. Eu não poderia discordar mais delas”, reforça (Foto: Cultured Beef)

Recentemente o professor de direito da Rutgers School of Law, de Newark, Nova Jersey, Gary Francione, uma das referências na discussão sobre direitos animais nos EUA, declarou em publicação no seu site Abolitionist Approach que veganos não devem promover a carne cultivada em laboratório, que chega ao mercado em 2021.

A justificativa, segundo Francione, é que esse tipo de produto depende da retirada de células de animais vivos. “Também envolve o crescimento dessas células em meio animal, como soro fetal de bezerros. Portanto, os animais são mortos no processo de produção de carne artificial”, diz.

Para Gary Francione, quem acredita que os animais têm valor moral e possuem direitos morais, não deve apoiar a matança de animais. “Você não diz que matar dois é bom para salvar dez, assim como você não diria que é bom forçar dois humanos a serem doadores de órgãos para salvar dez humanos.”

O professor de direito sustenta que o argumento de que essa tecnologia forneceria carne para bilhões de pessoas que desejam continuar comendo carne, mas baseando-se em um número muito menor de mortes, é injustificável.

“Já existem muitos substitutos de carne 100% à base de plantas – e há mais sendo desenvolvido todos os dias. Portanto, se as pessoas querem a sensação de comer algo semelhante a um cadáver, elas já têm muitas opções que não envolvem a matança de animais. Não há razão para acreditar que a carne cultivada terá maior sucesso ou aceitação social do que os produtos 100% vegetais”, avalia.

E se essa posição é considerada radical demais, Gary Francione afirma que deixar suas convicções de lado para apoiar a carne cultivada em laboratório porque supostamente salva vidas (mesmo que envolva matar animais como fontes de células), é transparentemente especista. “Jamais defenderíamos isso se as vítimas fossem humanas.”

“Reconheço que há pessoas da causa animal que estão muito empolgadas com a carne cultivada em laboratório e estão investindo dinheiro ou outros recursos nela. Eu não poderia discordar mais delas”, reforça.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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