Há alguns anos, Edith Barabash, que trabalhava em uma fazenda de criação de gado em Uxbridge, em Ontário, no Canadá, se tornou vegana. Além de mudar completamente a maneira como vivia, ainda conseguiu motivar o pecuarista Mike Lanigan a seguir o mesmo caminho em 2016.
Quando começou a trabalhar na fazenda de Lanigan, Edith tinha adotado uma dieta vegetariana por questões de saúde. “Na fazenda, comecei a me conectar mais com os animais e a aprender sobre as razões éticas do veganismo. Pensei que trabalhar em uma fazenda seria uma boa maneira de aprender sobre agricultura orgânica e sustentável. Mas passei a me sentir mal com a vida que os animais levavam”, lembra.
Ela também se recorda que os animais eram bem cuidados na fazenda, mas ainda assim o abate era apenas uma questão de tempo – já que todos têm uma vida ditada pelo mercado. Um dia, Edith decidiu acompanhar o patrão quando chegou a hora de enviar um dos bois para o matadouro:
“Eu me lembro do trajeto tão vividamente, e depois a nossa chegada ao matadouro onde realizavam o ‘abate humanitário’. Havia fileiras de animais gentis e parados em silêncio. Eu me recordo de ouvir: ‘A primeira vez aqui é desagradável para todos.’ Não fiquei para testemunhar a morte do nosso boi. Apenas deixamos ele, e isso foi muito difícil”, narra.
“Foi horrível ver tantos bebês esperando pela morte”
“O boi estava claramente desorientado e não queria entrar na área de abate, então tiveram que forçá-lo. Isso acontece com muita frequência. Havia uma grande área cheia de cabras, ovelhas e alpacas. Todas estavam paradas em silêncio, olhando fixamente para mim. Parecia que sabiam o que estava acontecendo. Foi horrível ver tantos bebês esperando pela morte.”
Apesar da experiência dolorosa e do sentimento de impotência, Edith Barabash garante que o episódio no matadouro fortaleceu suas convicções em relação ao veganismo e sua motivação em ajudar os animais. “Não parei de trabalhar para Mike porque senti que ainda havia muito a aprender. Assim começou a primeira de muitas conversas sobre direitos animais”, revela.
Foram essas conversas que também motivaram Mike Lanigan a não criar mais animais para consumo, considerando que o pecuarista passou a reconhecer como uma grande contradição dizer que amava os animais que mais tarde enviaria para a morte.
Em 2017, Lanigan, com a ajuda de Edith Barabash, transformou a fazenda na Farmhouse Garden Animal Home, um santuário de animais sem fins lucrativos que é mantido com os recursos da produção de vegetais orgânicos e por meio de doações. “Quando chegar à minha velhice, quero que seja com uma consciência limpa e agradável”, justifica Mike Lanigan.
Referências
Farmhouse Garden – Animal Home. Our Story (2017).
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