Grupos da USP e Universidade de Lisboa realizam mais um encontro sobre filosofia animal

“Pretendo pensar o conceito de animal enquanto um mecanismo de dominação colonial e de produção de um tipo de violência específica: o especismo enquanto estrutura de dominação e produção de corpos e de localidades materiais” (Foto: Anita Krajnc/Toronto Pig Save)

Na quarta-feira (23), das 15h às 16h, o grupo Praxis, do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, e o grupo de ética e direitos animais do Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), realizam mais um encontro on-line sobre filosofia animal aberto ao público e sem necessidade de inscrição.

Desta vez o convidado do ciclo de estudos sobre a obra “O animal que logo sou”, de Jacques Derrida, é Carlos Cardozo Coelho, professor colaborador e pós-doutor pela Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

A coorganizadora Luanda Francine informa que o tema do encontro via plataforma Zoom é “O animal que não existe: orifícios coloniais, o delírio do Nome e uma língua salivante”.

“O ‘animal’ só existe enquanto apagamento dos animais, esta é provavelmente a grande lição que o pensador franco-magrebino Jacques Derrida nos dá no seu texto ‘l’animal qui donc je suis’ (2006)”, destaca Carlos Cardozo Coelho.

“Pretendo pensar o conceito de animal enquanto um mecanismo de dominação colonial e de produção de um tipo de violência específica: o especismo enquanto estrutura de dominação e produção de corpos e de localidades materiais.”

Coelho é autor do livro “Ontofagia, um materialismo mágico”, publicado pela Ape’Ku Editora em 2020, e sua participação no encontro de filosofia animal sobre a obra de Derrida contribui para dar continuidade ao projeto do materialismo mágico e do comunismo cosmológico desenvolvido em seu livro.

“Não existe o animal em geral enquanto categoria genérica, mas o que existe são os animais em sua singular pluralidade e em sua singularidade plural: o gato, a vaca, o baiacu, a garça, o humano etc. Cada um destes animais, com suas diferenças singulares, são sempre lidos como ‘em privação’, seja em privação de logos, seja em privação de linguagem e de cultura, seja em privação de técnica, seja em privação de resposta e de consciência, eles são lidos com em falta na mesma medida em que suas existências incomensuráveis são medidas pela régua do homem.”

Link para participar do encontro na quarta (23):

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88415581354

Saiba Mais

Carlos Cardozo Coelho é professor colaborador e pós-doutor pela Pós-Graduação em Filosofia da UERJ. Bacharel, Licenciado e Mestre em Filosofia pela UFRJ. Doutor em Filosofia pela PUC-Rio com estágio na Universidade de Paris X sob a direção do professor Patrice Maniglier. Estuda atualmente ontologia contemporânea de uma perspectiva decolonial, pensando uma ontologia aberta aos diferentes modos de existir e às diferentes cosmologias não-ocidentais que recolocam a oposição entre os existentes humanos e os existentes não-humanos de outras formas. Autor de “Ontofagia, um materialismo mágico” (Ape’Ku Editora, Rio de Janeiro, 2020), texto no qual constrói uma ontologia decolonial, de forma que as lutas e os conceitos que são propostos neste texto são inseparáveis: construir novas formas de pensar o comum para além de princípios antrópicos e dos mecanismos coloniais construídos pelo “Ocidente” através de uma bruxaria conceitual e decolonial.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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