Haddad promete redução do uso de agrotóxicos e transição ecológica em benefício das pessoas, dos animais e do meio ambiente

Agroecologia, uma perspectiva ecológica da agricultura (Foto: Instituto Auá Agroecologia)

O candidato à presidência Fernando Haddad (PT) está prometendo em seu plano de governo uma grande redução do uso de agrotóxicos, uma transição ecológica que beneficie as pessoas, os animais e o meio ambiente, além do fortalecimento da agricultura familiar com impacto ambiental ainda menor.

No programa, Haddad se compromete a adotar tecnologias verdes modernas, flexíveis e inteligentes. “Podemos usar os avanços dos últimos anos na oferta de energia em níveis estáveis para fazer uma inflexão gradual em nossa matriz energética, rumo ao novo modelo energético. Nossos recursos naturais serão preservados e protegidos da devastação”, garante. Há também o compromisso de investir na gestão sustentável de recursos hídricos, protegendo aquíferos e lençóis freáticos da contaminação e da superexploração, recuperando nascentes, despoluindo rios e ampliando as obras de saneamento para afastar o “fantasma” do racionamento de água.

“Vamos retomar a revitalização de bacias hidrográficas como a do São Francisco, uma prioridade de integração nacional, e ampliar o programa de construção de cisternas”, assegura. Outro ponto elencado é a importância do uso democrático e sustentável da terra, com a preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (principalmente a água). “O Brasil precisa aproveitar o momento de desvalorização do câmbio e dos altos preços das principais commodities exportadas para dar solidez a práticas mais sustentáveis de produção no campo. A prioridade deve ser a produção agroecológica, tornando as práticas de agricultura de baixo carbono formas dominantes de produção no agronegócio e na agricultura familiar”, informa.

Essa necessidade de mudança de paradigma considera o fato de que o Brasil é um dos países que mais consome agrotóxicos no mundo, chegando a 7,3 litros por pessoa. Para mudar essa realidade, Haddad enfatiza que vai instituir um programa de grande redução do uso de agrotóxicos com medidas específicas e imediatas, entre as quais o estímulo do uso de biopesticidas e atualização da legislação nacional seguindo as recomendações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

“Serão revisados os incentivos fiscais e tributários existentes para os insumos químicos proibidos em outras partes do mundo, além de fortalecidas a avaliação e a fiscalização periódicas dos agrotóxicos autorizados no país pela Anvisa. Serão incentivadas a agricultura com método de produção integrada e a construção de uma política de manejo e cuidado para culturas especiais (minorcrops) com poucas alternativas fitossanitárias, com foco em alternativas e práticas agroecológicas. Serão banidos também no Brasil os agrotóxicos que já estão proibidos nos principais mercados internacionais”, promete.

Outro grande desafio apontado pelo plano de governo, e que Fernando Haddad se comprometeu em colocar em prática, é a transição da agricultura de larga escala para um modelo produtivo de base agroecológica. “Essa transição não será simples nem imediata. Implicará desde mudanças na maneira de alocar os recursos até alterações nos currículos dos cursos de agronomia e técnicos agrícolas. Nesse contexto, o programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) terá papel importante, razão pela qual será retomado, fortalecido e ampliado no próximo governo”, destaca.

Há também o compromisso de aprimorar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e investir mais em pesquisas voltadas à agricultura de base agroecológica por meio da Embrapa. Consta também mudanças no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), cujo investimentos hoje chegam a 30 bilhões de reais, uma mudança bem substancial considerando os dois bilhões de 2002. “Será simplificado, fortalecido e ampliado, e conterá ações que promovam a indução da produção agroecológica e a tomada de crédito por mulheres produtoras. Ademais, conterá mecanismos para o acesso ao crédito pelos segmentos empobrecidos da agricultura familiar e pelos povos do campo, das águas e das florestas”, pontua.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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