Em homenagem aos animais mortos nos matadouros, italiano carrega 40 mil X tatuados no corpo

“Eu queria capturar isso, preservar para sempre na minha pele –  a consciência desse número” (Foto: Tattoodo)

Quarenta mil animais são mortos nos matadouros do mundo todo a cada segundo. Esse fato motivou o italiano Alfredo Meschi a homenageá-los tatuando 40 mil X em seu corpo. “Apenas para satisfazer nossos apetites”, lamentou em entrevista ao Cafe Babel no mês passado.

Antes de começar a lutar pela libertação animal e usar o próprio corpo como meio de conscientização sobre a violência que impomos aos animais, Meschi atuava no ramo de tecnologia da informação e prestava serviços para a IBM e Siemens.

Mas o homem de Livorno, na Toscana, decidiu mudar de vida e se dedicar às causas sociais. Se tornou artista, professor de teatro e de livros de retórica contra o especismo, forma de discriminação que se baseia na ideia de que pelo fato do ser humano considerar outros seres inferiores, ele ignora seus interesses em não sofrer.

Alfredo foi vegetariano até 2014, quando aderiu ao veganismo, mas em sua juventude viveu em uma realidade visceralmente oposta. O seu amor pelos animais e pela natureza veio à tona quando seu pai o levava para acompanhá-lo em caçadas na África. Meschi se deu conta de que há muitas coisas erradas na nossa relação com os animais.

“A cada segundo, há nada menos que 40 mil animais não humanos mortos em nosso benefício. Eu queria capturar isso, preservar para sempre na minha pele –  a consciência desse número. Escolhi o “X” porque é uma marca de seleção, um símbolo neutro que usamos quando terminamos algo, contamos algo ou matamos algo”, justificou ao Cafe Babel.

Como as tatuagens são definitivas, funcionam como um lembrete do motivo pelo qual Alfredo acorda todos os dias – lutar pelos animais, por mudar a mente das pessoas em relação àqueles que reduzimos a alimentos e produtos:

“Cada ser humano que conheço que vê as tatuagens no meu pescoço e nas minhas mãos no inverno, ou todo o meu corpo no verão, é uma nova oportunidade. A oportunidade de fazer um novo amigo, começar uma conversa, contar a alguém sobre a urgência da minha causa. Imagino as pessoas fazendo piadas a respeito, mas isso não é nada comparado ao interesse e atenção genuína que as minhas tatuagens provocam.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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