Indústria farmacêutica lucra US$ 5 bilhões por ano com antibióticos para a pecuária

Harvey destaca que bactérias em humanos e animais criados para consumo continuam mostrando resistência aos antimicrobianos mais amplamente utilizados (Acervo: Farming UK)

De acordo com dados da Animal Pharm, a indústria farmacêutica lucra cinco bilhões de dólares por ano com a produção de antibióticos para animais criados para consumo – como bovinos, suínos, aves, etc. Nos Estados Unidos, mais de 70% dos antibióticos são usados em fazendas. Na China, o uso cai para 52%.

Os antibióticos são muito utilizados na produção de carne bovina, suína e de frango, e o uso contínuo desses medicamentos na criação de animais pode fazer com que as bactérias se tornem resistentes, assim tornando os antibióticos de uso animal e humano menos eficazes no tratamento de doenças.

Segundo a Animal Pharm, as empresas farmacêuticas continuam fazendo lobby contra a regulamentação mais rigorosa dos antimicrobianos que têm uma ampla gama de usos. De acordo com o diretor de políticas da organização Sustainable Food Trust, Richard Young, assim que as empresas produzem um antibiótico, surge o o dever de ganhar o máximo possível de dinheiro para os seus acionistas.

“Essa é uma indústria muito sofisticada, com uma longa história de lobby. O problema é que grande parte dos dados usados ​​pelos reguladores é gerada por cientistas ligados às empresas farmacêuticas”, enfatiza o editor da Animal Pharm, Joseph Harvey, acrescentando que o uso excessivo de antibióticos tem despertado particular preocupação na Ásia, América Latina e África Austral.

Harvey destaca que bactérias em humanos e animais criados para consumo continuam mostrando resistência aos antimicrobianos mais amplamente utilizados: “Por exemplo, a resistência à ciprofloxacina é muito alta em [casos de] campilobacteriose, que causa infecções severas transmitidas por alimentos, e isso reduz a eficácia do tratamento. As salmonelas, que são resistentes a múltiplas drogas, também continuam a se espalhar por toda a Europa e isso tem sérias implicações para a saúde pública.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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