Indústrias da carne e de laticínios continuam ignorando impacto ambiental do setor produtivo

Segundo o indicador, 87,5% das empresas de carne bovina e laticínios não têm divulgado dados sobre as suas emissões e gerenciamento de gases do efeito estufa (Foto: Reprodução)

Um novo indicador de sustentabilidade global revelou que os maiores fornecedores de carnes e laticínios estão colocando em risco as metas da missão do Acordo de Paris, que rege medidas de redução de emissões de gases do efeito estufa. O indicador é resultado de um levantamento intitulado “The Coller FAIRR Protein Producer Index”, feito pela Farm Animal Investment Risk and Return (FAIRR), sediada em Londres.

O indicador avaliou as 60 maiores empresas fornecedoras de proteínas de origem animal – incluindo McDonald’s, KFC, Nestlé, Danone e Walmart. A conclusão foi que 60% dessas empresas foram classificadas como de alto risco se tratando de gerenciamento de sustentabilidade em todas as categorias – incluindo emissões de gases do efeito estufa, desmatamento e perda de biodiversidade, uso de água, bem-estar animal, desperdício, poluição, compromisso com a produção sustentável de proteínas vegetais e segurança dos trabalhadores.

“Está claro que as indústrias de carne e laticínios permaneceram fora do escrutínio público em relação ao seu significativo impacto climático. Para que isso mude, essas empresas devem ser responsabilizadas pelas emissões e devem ter uma estratégia confiável e verificável de redução de emissões”, disse ao The Guardian a diretora do Instituto Europeu de Agricultura e Política Comercial, Shefali Sharma.

Segundo o indicador, 87,5% das empresas de carne bovina e laticínios não têm divulgado dados sobre as suas emissões e gerenciamento de gases do efeito estufa. O FAIRR destaca que a diversificação na produção de proteínas alternativas, ou seja, de origem não animal, é fundamental nesse processo.

“É sempre bom lembrar que não existe carne barata. Essas indústrias são subsidiadas há anos pelo público porque pagamos por suas poluições ambientais, custos de saúde pública que não são contabilizados em seu modelo de negócios. É aí que os governos precisam intervir”, enfatiza Sharma.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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