Insecta aposta em sandálias de “couro de abacaxi”

Segundo a Insecta Shoes, é um material flexível e que absorve bem estampas e cores, além de ser facilmente costurado (Foto: Divulgação)

Fundada em 2014 com o compromisso de oferecer produtos mais sustentáveis e sem matéria-prima de origem animal, a Insecta Shoes está lançando uma coleção de sandálias feitas com a tecnologia Piñatex, um tecido criado a partir de fibras de abacaxi e que imita o couro.

A vantagem do Pinãtex, segundo a fundadora da Insecta, Barbara Mattivy, é que se trata de um material flexível e que absorve bem estampas e cores, além de ser facilmente costurado.

Conciliando criatividade e matérias-primas recicláveis baseadas inclusive em assentos de automóveis e guarda-chuvas, a Insecta Shoes oferece hoje dezenas de produtos que incluem também bolsas e acessórios. Segundo a marca, a meta sempre foi oferecer não somente opções mais sustentáveis, mas também esteticamente atraentes e confortáveis.

Atualmente a marca que surgiu em Porto Alegre (RS) comercializa seus calçados veganos em lojas nos Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França e Espanha, e desde abril de 2019 conta com um centro de distribuição na América do Norte.

Investindo em cores, estampas e desenhos como diferenciais, a Insecta avisa que promete “polinizar o mundo com cor e consciência”. No Brasil, seus produtos podem ser encontrados em suas lojas em São Paulo e Porto Alegre, inauguradas em fevereiro e em julho de 2018. Há também a loja virtual para quem mora em outras cidades e regiões.

Futuro do couro nas folhas de abacaxi

A preocupação da designer espanhola Carmen Hijosa com o impacto da produção em massa de couro, e também com a agressão ambiental dos insumos químicos utilizados nessa indústria, fez com que ela encontrasse uma alternativa nas subaproveitadas folhas de abacaxi.

Com essa matéria-prima, a senhora Hijosa desenvolveu um tecido de alta qualidade que não apenas substitui matérias-primas como o couro de origem animal e o couro sintético, mas também favorece uma conexão entre pessoas, ecologia e economia.

“As fibras são extraídas por meio de um processo chamado decorticação, que é colocado em prática na plantação pela comunidade agrícola. Com a Ananas Anam, desenvolvemos a primeira máquina decortificadora automatizada para ajudar nesse processo, permitindo que os agricultores aproveitem maiores quantidades de folhas”, explica.

Assim que as fibras são extraídas das folhas, a sobra de biomassa pode ser utilizada como um fertilizante natural rico em nutrientes, ou também como biocombustível. “Nada é desperdiçado. Então as fibras passam por um processo industrial que forma à base da Piñatex. Os rolos de malha não tecida então são enviados à Espanha, onde passam por um processo de acabamento especializado”, revela.

Depois de finalizado, o material se torna um tecido macio, flexível, de longa durabilidade e com aspecto muito semelhante ao couro. E são essas características que têm atraído empresas do mundo todo que hoje buscam matérias-primas sustentáveis para a produção de calçados, roupas, decoração de interiores e estofamento automotivo.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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