Quando algum caso de crueldade contra animais ganha bastante visibilidade na mídia, é bem comum até mesmo quem alimenta-se deles lamentar por tal sofrimento. Atualmente o exemplo mais recente é o das búfalas em Brotas (SP).
Este pesar é coerente? Continuar consumindo animais ou produtos de origem animal beneficia os animais? Como? Claro que não podemos ignorar que esse tipo de consumo é cultural, é baseado em hábitos, condicionamentos.
Também não há como negar que é a ausência de reconhecimento dos animais como indivíduos, o que tem relação com o papel imposto a eles, por exemplo, no contexto da pecuária, e em benefício de um substituível consumo humano, que favorece uma desconsideração de direitos como sujeitos.
Muitos dizem que um animal não humano não deve ter direitos porque não é como nós, porque existe para “fornecer alimentos”. E esta percepção do fornecer é apropriar-se do que é gerado, produzido por outro animal, não por nós – e isto quando o produto não é sua própria carne que depende de sua morte.
Ainda hoje, para muita gente o sofrimento não humano só existe ou é reconhecido quando um animal é deixado para morrer ou quando é morto “de forma não convencional”. Mas há maneira correta e compassiva de matar um animal que não quer morrer?
Mudar nossas maneiras de viver
Aqueles que sangram de ponta-cabeça nos matadouros anseiam por tal fim? Destino de animais criado para consumo é produzir e, quando deixar de produzir, morrer. Basta não ser mais considerado produtivo para ter um infeliz e tão comum fim.
Há regras, convenções, anuências e leis que existem mais para garantir a continuidade e fortalecimento desse processo do que para proteger os animais. É uma forma de um sistema amparado pela sociedade dizer que “tem feito o possível pelos animais” sem tirá-los da cadeia de consumo. Ou seja, enquanto continua e amplia a massiva subjugação não humana.
Se desejamos o melhor para os animais, não devemos nos iludir e esperar que as coisas aconteçam apenas por iniciativa dos outros. Devemos assumir nossas responsabilidades e pensar primeiro em como podemos contribuir. O que podemos fazer a partir de nossas maneiras de viver?
Podemos mudar, entender que a partir do momento que nos recusamos a tratar animais como bens móveis, produtos ou criaturas que devem existir apenas em nosso benefício, ampliamos nosso círculo moral e reconhecemos que não ajuda lamentar por eles e não reconhecer a importância de libertá-los de nossa cadeia de consumo.
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