Matar animais para comer é um crime que não reconhecemos

Abate, momento em que muitos animais agem com limitante estranhamento, choque, incompreensão e também como se suplicassem pela vida (Foto: Unparalleled Suffering)

Criar alguém e enviar para a morte é crime, é moralmente errado, é inadmissível, menos na pecuária, se você for um boi, um frango ou um porco. Não importa como tenha sido minha vida, privar-me dela é e sempre será uma arbitrariedade, seja eu um humano ou um animal senciente que aos olhos da sociedade não tem o direito a não supressão da vida em benefício humano.

Quando vejo animais criados para consumo sendo transportados, como ocorreu tantas vezes, imagino como são suas vidas e se seria o momento em que em poucas horas já estariam sendo “preparados” para o abate; ou se foram comprados por outro “criador” e terão mais “algum tempinho” de vida.

Considero horrível a ideia de ter minha morte decretada por alguém já a partir do meu nascimento, alguém que trouxe-me ao mundo para servir aos seus interesses, na vida e na morte.

Acredito que criar um animal para consumo e supostamente tratá-lo bem até o dia de sua morte não é uma ação de bondade ou de preocupação com o bem-estar desse animal, mas sim com o próprio bem-estar econômico.

Quero dizer, supostamente tratar bem animais no contexto da pecuária tem como finalidade garantir o melhor retorno econômico possível a partir da exploração de vidas ou subtração delas no momento mais oportuno.

“Sou bom para os meus animais”

Por mais cultural que pareça a tanta gente, vejo com estranheza declarações como “sou bom para os meus animais”, quando estes perecerão de forma que não vejo como não chamar de indigna.

Qualquer pessoa que já viu, mesmo que por vídeos ou fotos, o estado dos animais em um matadouro, suas reações em qualquer etapa desse processo, não tem como ignorar que não é apenas triste.

Sem dúvida, é degradante, humilhante, porque nessa hora muitos animais agem com limitante estranhamento, choque, incompreensão e como se suplicassem pela vida.

Mas, infelizmente, são ignorados por quem os mata, por quem financia suas mortes por meio do consumo e por quem os enviou para tal lugar onde animais “bem tratados” sofrem concussão cerebral, são pendurados pelos pés e degolados. O quanto isso é generoso?

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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