Ministro da Justiça defende abate de animais resgatados

André Mendonça tomou posse ontem (29) como ministro da Justiça nomeado por Bolsonaro (Foto: Acervo AGU)

Ontem (29), o presidente Jair Bolsonaro nomeou como ministro da Justiça o advogado André Luiz de Almeida Mendonça, ex-chefe da Advocacia-Geral da União, que no último dia 23 assinou um documento solicitando ao Supremo Tribunal Federal (STF) a autorização do abate de animais resgatados de situações de maus-tratos – entre os quais vítimas de rinhas e da farra do boi.

A defesa vai na contramão da decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que no dia 23 de março decidiu que não há autorização legal na Constituição que possibilite o abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos, assim suspendendo todas as leis e medidas que permitiam o sacrifício de animais resgatados.

“Abate desses animais é medida que se impõe”

No entanto, o documento assinado pelo atual ministro da Justiça sustenta que animais que não passam por rígida inspeção sanitária “podem ‘disseminar a proliferação’ de doenças controladas pela Administração Pública Federal”.

“Nesses casos, o abate desses animais, atendendo, claro, às diretrizes sanitárias, é medida que se impõe. De fato, tal prática, longe de representar um ato administrativo envolto em uma moral contrária à proteção animal, implica medida necessária para o controle e erradicação de doenças transmissíveis e parasitárias, impedindo a sua difusão.“

Na justificativa, há um claro equívoco. Como o abate de animais que já sofreram em mãos humanas não é uma moral contrária à proteção animal quando isso ocorre sem confirmação de que esses animais contraíram qualquer tipo de doença transmissível? O primeiro passo não seria a quarentena em vez da defesa da matança?

Documento cita ainda covid-19 para tentar justificar pedido

Também consta no documento: “É caso de saúde pública e, portanto, o abate é autorizado com corolário até mesmo do direito à vida constitucionalmente assegurado, uma vez que, além dos patógenos transmissíveis aos próprios animais, alguns deles podem ser transmitidos aos seres humanos. Aliás, a recente pandemia relacionada ao covid-19, consoante cediço, tem origem em animais contaminados.”

Quando o texto fala em “patógenos transmissíveis aos animais”, percebe-se uma observação genérica e inferencial – já que possibilidades de contrair doenças transmissíveis qualquer animal tem – inclusive humanos. Nem por isso devemos defender de forma irresponsável qualquer tipo de sacrifício, ainda que sem identificação de doença transmissível – usando como referência possibilidade, não elemento comprobatório.

Além disso, o documento também permite a interpretação de que o fator econômico deve ser uma prioridade em detrimento de vidas não humanas.

Para ler o documento completo – clique aqui. 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

6 respostas

  1. É a lógica do extermínio, coerente com o pensamento dos “nazistas” que estão no poder. Ganharam a eleição fazendo um gesto de morte com as mãos.
    Sem surpresa.

  2. Senhor presidente se está de acordo com uma crueldade dessas favor não mencionar mais o nome de Deus. Pq ele vai calar a sua boca..não fale o nome de Deus em vão

  3. Pessoal na página do delegado Bruno Lima estamos fazendo um abaixo assinado para impedir esse crime contra os animais entram lá assinar temos até quinta feira só obrigada

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