Nova cepa da gripe aviária ameaça produção de foie gras na França

Na produção de foie gras, animais desenvolvem inflamações, infecções e problemas respiratórios, além de acúmulo de gordura no fígado e lesões na garganta e esôfago (Fotos: Acervo PETA/Pixabay)

Apontada como uma das práticas mais cruéis da indústria de alimentos de origem animal, a alimentação forçada de patos e gansos por meio de canos na produção de foie gras continua sendo tradicional na França, onde o fígado das aves chega a ficar 12 vezes maior do que o normal.

No processo, os animais desenvolvem inflamações, infecções e problemas respiratórios, além de acúmulo de gordura no fígado e lesões na garganta e esôfago. Tudo isso para atender a uma predileção do paladar humano pelo fígado gorduroso de um animal.

No entanto, atualmente essa indústria está sob ameaça na França por causa de uma nova cepa da gripe aviária que, segundo a Agência France-Presse (AFP), já levou produtores de foie gras a abaterem mais de 350 mil patos de dezembro pra cá, sob a justificativa de conter a propagação do vírus H5N8.

E o número de aves abatidas deve crescer muito mais até o final de janeiro. A nova cepa já foi identificada em aves de pelo menos cinco países europeus.

“Situação está fora de controle”

“O vírus é mais forte do que nós. Novas cepas estão surgindo constantemente”, disse a chefe da Federação Francesa de Produtores de Foie Gras, Marie-Pierre Pé, à Agência France-Presse.

Desde a identificação da nova cepa na França, o número de surtos chegou a 124 somente até a primeira semana de janeiro. Embora o governo francês tenha declarado que o H5N8 não é prejudicial ao ser humano, houve reconhecimento de que a cepa mais recente é muito mais contagiosa.

A regional de Landes da Federação Nacional dos Sindicatos de Produtores Agrícolas da França alertou que “a situação está fora de controle” e pediu um “congelamento” da produção na região por pelo menos dois meses.

A Bélgica também revelou, por meio da Agência Federal para a Segurança da Cadeia Alimentar, que a doença foi localizada em fazendas no oeste do país. O que preocupa também é que o vírus acabou sendo identificado em 20 casos envolvendo aves silvestres.

Saiba Mais

Vale lembrar que em 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que não descarta o risco de contaminação de H5N8 em humanos.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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