O homem e o carrinho cheio de carne

Ilustração: VectorStock

No mercado, um senhor fazia um esforço hercúleo para empurrar um carrinho abarrotado de carne. Havia tanta carne que por um momento ele parou de empurrá-lo. Então enxugou o líquido viscoso que escorria de um dos sacos de carne, lambuzando sua mão direita. Seu carrinho não era o único na mesma situação.

Um de seus filhos o questionou se não havia carne demais no carrinho. Incomodado, o homem respondeu, num paradoxo ruidoso: “Carne é vida. Melhor sobrar do que faltar.” Por outro lado, ele sentia-se desconfortável porque uma de suas mãos estava grudenta. Sem velar expressão de repulsa, na tentativa de limpá-la, acabou esfregando a mão em uma porção de belas laranjas.

Em menos de minuto, algumas testemunhas aproximaram-se e viram as laranjas manchadas pelos glutinosos vestígios de carne. “Que sujeito nojento! Eu que não pego essas laranjas!”, reclamaram e partiram empurrando seus carrinhos cheios de pedaços de carne bovina e de frango, e bandejas de presunto.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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