O veganismo é muito radical?

Claro que é uma questão cultural o consumo de carne, mas ninguém pode dizer que não há diversidade ou boas fontes nutricionais na alimentação vegetariana (Pintura: Dana Ellyn)

Vez ou outra, alguém diz que considera o veganismo muito radical. Sob a perspectiva de que o veganismo pode promover uma mudança visceral (e positiva) na vida de alguém, concordo naturalmente.

Mas e quanto ao ato de comer animais, não é radical? Seres sencientes que, para além da óbvia capacidade de sentir dor, se emocionam, possuem distintas capacidades cognitivas e têm suas próprias estruturas sociais? Claro que é uma questão cultural o consumo de carne, mas ninguém pode dizer que não há diversidade ou boas fontes nutricionais na alimentação vegetariana.

De acordo com o botânico John Warrer, autor do livro “A Natureza dos Cultivos”, há mais de 300 mil alimentos vegetais disponíveis na natureza. Claro que nem todos esses alimentos são acessíveis por diversos fatores, mas não deixa de ser um número surpreendente, que mostra como as pessoas subestimam o potencial de uma alimentação vegetariana.

Ainda que tenhamos “apenas” algumas dezenas de variedades de vegetais ao nosso alcance, isso prova também que não é por falta de opções que as pessoas não deixam de comer carne, mas sim porque têm o costume e o paladar como principais justificativas. Por isso, em muitos casos não fazem questão de mudar, já que é mais fácil manter o status quo.

Ademais, uma dieta básica vegetariana, que não prioriza o consumo de produtos industrializados, pode ser mais barata do que uma dieta baseada em carnes e laticínios. Creio que não seja necessária nenhuma pesquisa científica para provar isso. Basta passar em feiras, mercados e açougues e fazer as devidas comparações.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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