ONG ajuíza ação contra veterinária que marcou número 22 com ferro quente em bezerro

A médica veterinária tocantinense Fernanda Paula Silva Santos, de pseudônimo
Fernanda Paula Kajozi, publicou nas redes sociais, em 19 de outubro de 2022, um vídeo em que aparece pisando no focinho de um bezerro e marcando com ferro quente o número 22 na face do animal – utilizado na eleição pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro.

Ao fundo, é executado o tema musical de sua campanha política. Após repercussão negativa da publicação e acusações de maus-tratos, Fernanda fez nova postagem com o intuito de esclarecer a situação. Ela admitiu seu voto no candidato derrotado do PL, mas negou cunho eleitoreiro do vídeo, alegando tratar-se de procedimento regular e não abusivo. No entanto, apagou as publicações e desativou suas redes sociais.

Diante de denúncias feitas pelo público e por entidades de defesa animal, a organização Os Animais Importam ajuizou ação civil pública contra Fernanda e sua mãe, Pollyanna Queiroz S. Santos, proprietária da fazenda onde o animal foi marcado.

A ação impetrada em 8 de janeiro na Comarca de São Geraldo do Araguaia, no Pará, busca a responsabilização civil por danos morais coletivos decorrentes da divulgação do vídeo, além da tutela definitiva do bezerro vitimado.

A ONG argumenta que a marcação com ferro quente causa intenso sofrimento ao animal, sendo desaconselhada pelo “Manual de Boas Práticas de Manejo – Identificação”, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

É destacado na ação que os meios utilizados pela veterinária foram excessivos e não correspondem aos parâmetros da Instrução Normativa SDA nº 10 de 2017, para esse tipo de marcação, além de terem sido realizados por motivo torpe.

A ONG sustenta que a atitude da veterinária não é prática regular, como alegado, mas sim teve o objetivo de demonstrar apoio à campanha eleitoral de Bolsonaro, infringindo as diretrizes éticas da profissão.

Por isso, a entidade reivindica tutela de urgência para que o bovino que aparece no vídeo seja retirado da propriedade, passando-o à guarda da ONG para que possa
ser reabilitado física e psicologicamente e então encaminhado a um santuário.

Também é exigida uma indenização de R$ 100 mil a ser revertida à causa animal por violação de valores fundamentais à coletividade, além da necessidade de
reparação, de acordo com a ONG Os Animais Importam.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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