ONU critica excesso de tolerância do Brasil ao uso de agrotóxicos

“Produção de alimentos e o crescimento econômico não são uma desculpa legítima para essas violações e abusos evitáveis”, diz o relator (Foto: Getty Images)

O relator da ONU para Resíduos Tóxicos, Baskut Tuncak, apresentou este mês um relatório em que critica o excesso de tolerância do Brasil ao uso de agrotóxicos e lembrou que o país figura entre os três maiores consumidores de pesticidas do mundo.

Só em 2020, o governo já autorizou o registro de mais 284 produtos que serão utilizados como matéria-prima na produção de agrotóxicos.

Ele disse que até 2019 o Brasil já tinha ampliado o uso de pesticidas em mais de 338%. No entanto, segundo o relator, o que dificulta o reconhecimento da nocividade dos agroquímicos são as subnotificações de casos de intoxicação e baixo índice de registro de mortes associadas a esse consumo.

A estimativa é de que em 13 anos a exposição aos agrotóxicos no país tenha acarretado de 34 a 51 mil mortes, de acordo com a ONU, embora em consequência de subnotificação foram contabilizados não mais do que 10.666 casos.

“O enorme uso de pesticidas está resultando em graves impactos sobre os direitos humanos em Brasil. A produção de alimentos e o crescimento econômico não são uma desculpa legítima para essas violações e abusos evitáveis”, diz o relator.

E acrescenta: “As vítimas alegam, com razão, mortes, problemas de saúde, bem como tratamentos cruéis, desumanos e degradantes resultantes da exposição a pesticidas.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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