Para mim, apenas ser vegano não é suficiente. Sinto necessidade em abordar aspectos da exploração animal porque é algo que considero importante. Se isso motivará alguém a uma mudança, não sei dizer e também não me preocupo em quantificar.
Também não me incomoda gerar desagrado, até porque exploro principalmente o que posso chamar de “meu próprio espaço” para manifestar-me a respeito. Coloco minha consciência e meu coração no que faço e, se sou honesto em minha expressão, isso é o mais importante.
Sobre isso, penso também no termo “corazonar”, de Guerrero Arias, que combina afetividade e intelectualidade. De fato, abordo assuntos que pessoas podem definir como “não agradáveis”, “desconfortáveis”, “duros demais”, mas não é sobre isso a realidade dos animais? E tais palavras combinam mais com ela do que com qualquer construção textual.
Reconhecer o que reconheço sobre a realidade da subjugação animal, distante de romantismos capciosos, e não abordá-la, e da forma que considero mais justa possível, resultaria no incômodo do “saber” e “não fazer”.
E quando falo em “fazer”, penso num processo perene, num continuísmo que é anseio por transformações não contingenciais. Claro que ansiar não significa transformar, mas, se é a partir do anseio que me sinto estimulado a uma incessante manifestação-oposição, o que devo fazer é continuar.